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Bienal de SP ainda deve aos artistas
Pelo menos 8 participantes da mostra ainda não receberam
Existem "pequenos saldos devedores e créditos a receber decorrentes da realização da 28ª Bienal", afirma a fundação
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
Quase três meses após o fim
da 28ª Bienal de São Paulo, pelo
menos oito dos 41 artistas na
mostra ainda não foram pagos
por sua participação, ou tiveram apenas parte do cachê depositado. A Fundação Bienal
também deixou de pagar fornecedores desses artistas e de
bancar custos de produção.
Segundo apurou a Folha, a
instituição deve cerca de R$ 1
milhão em pendências da última Bienal, que teve R$ 9 milhões de orçamento total.
Procurados pela reportagem,
o presidente da Fundação Bienal, Manoel Francisco Pires da
Costa, e os responsáveis pelo
departamento financeiro não
quiseram comentar o assunto.
Em e-mail, a assessoria de imprensa da fundação afirmou
apenas: "Existem, ainda, alguns pequenos saldos devedores e créditos a receber decorrentes da realização da 28ª Bienal de São Paulo. Estes ajustes
estão acontecendo dentro da
normalidade".
Normalmente um artista
convidado recebe um cachê pela participação na mostra e tem
os custos de produção financiados pela Fundação Bienal, embora o reembolso, como na 27ª
edição, possa levar 18 meses.
"As únicas memórias que tenho da Bienal são problemas",
disse o artista colombiano Gabriel Sierra, 33, à Folha. "É como um jogo de gato e rato."
Sierra passou meses em São
Paulo bancado pela Bienal enquanto desenhava o mobiliário
usado na exposição, mas até o
fechamento desta edição tinha
US$ 3.000 a receber dos organizadores do evento.
"Houve uma quantidade de
injustiças que fizeram comigo,
mentiram para mim", disse o
artista Nicolás Robbio, 34, argentino radicado em São Paulo
que tem R$ 5.000 a receber.
"Eu tive o mesmo problema
na última Bienal [em 2006], isso me parece mais um procedimento recorrente do que um
problema desta edição", afirma
a artista Mabe Bethônico, 43,
que organizou um ciclo de palestras para a 28ª Bienal.
"Tinha um constrangimento
da curadoria que me contratou
dessa vez porque todo mundo
sabia o que eu já havia passado
lá dentro", diz Bethônico, que
recebeu por sua participação
na Bienal de 2006 com um ano
e meio de atraso, quando já havia começado o projeto para a
edição de 2008 da exposição.
Mais grave do que não receber, na opinião da artista, é não
ter como pagar assistentes e
fornecedores. "É uma situação
constrangedora para o artista",
diz Bethônico. Na mesma situação, Dora Longo Bahia, que
também não recebeu cachê, e
sua galerista, Luisa Strina, gastaram cerca de R$ 20 mil para
pagar seus oito assistentes.
"A Bienal ficou de pagar, correr atrás de patrocínio e não fez
isso", conta Longo Bahia, 47,
que disse também não ter autorização para ligar as luzes
quando trabalhava à noite.
Gringos
Tentando evitar mais estresse, alguns artistas estrangeiros,
como o norte-americano Casey
Spooner, do duo eletrônico Fischerspooner, o argentino Martiniano López-Crozet e a mexicana Milena Muzquiz, do Los
Super Elegantes, foram mais
duros na negociação.
Spooner se recusou a pegar o
avião para fazer sua performance no Brasil até que depositassem o cachê na sua conta,
enquanto López-Crozet e Muzquiz esperaram mais de três
meses para receber, sendo que
tiveram o dinheiro depositado
só quando ameaçaram falar sobre o caso numa entrevista ao
jornal "The New York Times".
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