São Paulo, segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

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Ex-Oasis lançam nova banda e querem enterrar antigo grupo

Sem o "encrenqueiro" Noel Gallagher, músicos da Beady Eye dizem estar mais 'democráticos'

Com perfis de "pais de família" e mais bem-humorados, integrantes dizem que não vão tocar nada do Oasis nos shows

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

No bar de um hotel no norte de Londres, Liam Gallagher, Andy Bell, Gem Archer e Chris Sharrock conversam e dão risada.
Os quatro faziam parte do Oasis e agora lançam "Different Gear, Still Speeding", primeiro álbum da nova banda, Beady Eye.
Além do bom humor, outra coisa surpreende o repórter: sobre a mesa há apenas água e café. Será que os tempos de excessos de álcool, drogas e muitas brigas que marcaram o Oasis acabaram? "A gente amadureceu, e não há mais razão para briga", afirma o vocalista, Liam, que aos 38 anos diz ser um sujeito de família que gosta de levar o filho à escola.
O pivô das brigas, Noel Gallagher, deixou os companheiros em 2009, pondo fim a um dos grupos de maior sucesso do pop britânico.
Archer, um dos guitarristas, afirma que isso mudou muita coisa. "Não temos mais uma pessoa que diz: é isso o que vamos fazer. A gente conversa e decide tudo de forma democrática."
O reflexo dessa democracia está no álbum, que tem composições de Liam, Archer e Bell. Antes, havia quase um monopólio de Noel.
O quarteto quer enterrar o fantasma do Oasis. Começa turnê em março e diz que não tocará nada do antigo grupo.
Os fãs podem espernear, mas não haverá "Wonderwall" nem "Live Forever".
"Seria ridículo. Acredite, essa é uma banda nova. Vamos só tocar as músicas do novo álbum. Será um show de uma hora", diz Liam.
Mas os próprios integrantes têm dificuldades de enumerar as diferenças musicais entre as duas bandas.
"O Beady Eye é mais rock n'roll e menos pop. É difícil de explicar, mas é mais musical", afirma Liam.
Eles não temem os vaticínios de que o rock é um gênero em extinção. "O rock nunca vai acabar. As pessoas gostam de música alta, que possam dançar", diz Archer.
Também não se importam que digam que o som do Beady Eye lembra Beatles, Stones, T-Rex, The Kinks...
"As pessoas estão muito preocupadas em ser diferentes, em ser autênticas. Se você faz seu som e ele soa um pouco como Beatles ou Stones, tudo bem. Apenas faça a música que te deixa feliz", diz o guitarrista Andy Bell.
Os quatro esperam voltar a fazer shows no Brasil.
O que pode dificultar é que essa nova banda, com integrantes mais adultos e mais família, não quer ficar muito tempo fora de casa. "Não queremos mais ficar meses longe da família. Vamos fazer algumas cidades, arrumar as malas e voltar para casa", diz Archer.
Comportados demais para uma banda de rock? "As coisas mudaram muito, e para melhor, desde a época dos Stones. Dá para ter família, estar numa banda de rock e ser feliz", afirma o feliz homem de família Liam.


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