São Paulo, quinta-feira, 28 de março de 2002

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FESTIVAL DE CURITIBA

Estréia amanhã montagem paulistana da peça de Marta Góes, com direção de Elias Andreato

"Só Mais um Instante" foca dor em família

VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA

A coragem de falar sobre a dor com gesto de amor. O conflito do desejo de agradar com o direito de escolher. Tudo a reboque das verdades que irrompem o cotidiano de uma família.
Eis a tônica de "Só Mais um Instante", de Marta Góes, cuja montagem paulistana, dirigida por Elias Andreato, estréia amanhã na Mostra Oficial do 11º Festival de Teatro de Curitiba (FTC).
Góes, 48, deixa o ofício de jornalista para se dedicar integralmente à dramaturgia (é autora de "Um Porto para Elisabeth Bishop" e tradutora de "Jantar entre Amigos - Pequenos Terremotos", do norte-americano Donald Margulies). E trata, entre outros enfoques, da superação das tragédias pessoais -há cerca de cinco anos, ela perdeu um irmão em um acidente aéreo.
"Entre as milhares de coisas que provocaram mudanças dentro de mim, após aquela experiência terrível, está a atitude corajosa de um outro irmão, que se dirigiu até a casa dos meus pais para dar a notícia que só ele poderia dar com o afeto necessário", afirma Góes.
"Só Mais um Instante" avança para outros territórios do universo de uma família da classe média. Lena (Tânia Bondezan), a mãe, toca a casa, o trabalho e a formação dos filhos desde a morte do marido, anos atrás. Abre-se para outros namoros, mas não encontra o companheiro de fato.
Cao (João Paulo Lorenzon) e Isa (Heloísa Cintra Castilho), os irmãos, têm menos de 20 anos e compartilham com Lena as alegrias e frustrações nos campos amorosos, profissionais e existenciais, em suma.
Isa se casa, tem uma filha, viaja para o exterior e volta para casa depois que o marido a troca por outra. Cao, um poço de insegurança, aos poucos adquire maturidade e, ao final da peça, assumirá a direção da vida e conduzirá sua mãe pela mesma sintonia.
"Uma das coisas mais bacanas no texto é que os jovens são colocados não de forma caricatural, mas como duas pessoas que pensam, têm opinião e se emocionam com a vida", afirma Elias Andreato, 47.
"Os personagens parecem que estão rodando o filminho de suas vidas", conclui o diretor. O espetáculo chega ao teatro Faap, em SP, no dia 11 de abril.


O jornalista Valmir Santos e o crítico Sergio Salvia Coelho viajam a convite da organização do 11º FTC



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