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FESTIVAL DE CURITIBA
Estréia amanhã montagem paulistana da peça de Marta Góes, com direção de Elias Andreato
"Só Mais um Instante" foca dor em família
VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
A coragem de falar sobre a dor
com gesto de amor. O conflito do
desejo de agradar com o direito de
escolher. Tudo a reboque das verdades que irrompem o cotidiano
de uma família.
Eis a tônica de "Só Mais um Instante", de Marta Góes, cuja montagem paulistana, dirigida por
Elias Andreato, estréia amanhã na
Mostra Oficial do 11º Festival de
Teatro de Curitiba (FTC).
Góes, 48, deixa o ofício de jornalista para se dedicar integralmente à dramaturgia (é autora de
"Um Porto para Elisabeth Bishop" e tradutora de "Jantar entre
Amigos - Pequenos Terremotos",
do norte-americano Donald Margulies). E trata, entre outros enfoques, da superação das tragédias
pessoais -há cerca de cinco
anos, ela perdeu um irmão em um
acidente aéreo.
"Entre as milhares de coisas que
provocaram mudanças dentro de
mim, após aquela experiência terrível, está a atitude corajosa de um
outro irmão, que se dirigiu até a
casa dos meus pais para dar a notícia que só ele poderia dar com o
afeto necessário", afirma Góes.
"Só Mais um Instante" avança
para outros territórios do universo de uma família da classe média.
Lena (Tânia Bondezan), a mãe,
toca a casa, o trabalho e a formação dos filhos desde a morte do
marido, anos atrás. Abre-se para
outros namoros, mas não encontra o companheiro de fato.
Cao (João Paulo Lorenzon) e Isa
(Heloísa Cintra Castilho), os irmãos, têm menos de 20 anos e
compartilham com Lena as alegrias e frustrações nos campos
amorosos, profissionais e existenciais, em suma.
Isa se casa, tem uma filha, viaja
para o exterior e volta para casa
depois que o marido a troca por
outra. Cao, um poço de insegurança, aos poucos adquire maturidade e, ao final da peça, assumirá a direção da vida e conduzirá
sua mãe pela mesma sintonia.
"Uma das coisas mais bacanas
no texto é que os jovens são colocados não de forma caricatural,
mas como duas pessoas que pensam, têm opinião e se emocionam
com a vida", afirma Elias Andreato, 47.
"Os personagens parecem que
estão rodando o filminho de suas
vidas", conclui o diretor. O espetáculo chega ao teatro Faap, em
SP, no dia 11 de abril.
O jornalista Valmir Santos e o crítico
Sergio Salvia Coelho viajam a convite
da organização do 11º FTC
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