UOL


São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

POPLOAD

A guerra e a música pop

LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Através da iraquiana Meada, garota que nasceu em Bagdá e mora em São Paulo, este colunista fez contato com o adolescente Fadi Hussein (nenhuma relação), que pelo menos até a última terça-feira passava suas noites confinado em seu quarto (por medo das bombas) ouvindo Backstreet Boys e N'Sync, ainda hits da garotada no Oriente Médio. Boy bands fazem tanto sucesso entre a juventude iraquiana que o país começa a exportar a sua própria.
Uma cópia do CD de estréia do grupo Unknown to No One, quinteto da terra de Saddam Hussein, chegou às mãos de Peter Whiteshead, descobridor do mega Radiohead.
Entusiasmado com o potencial comercial da boy band iraquiana, Whiteshead já recomendou o grupo a gravadoras gigantes como a Universal, que estuda lançamento futuro. O Unknown to No One é dos mais pedidos na rádio de língua inglesa Voices of Youth FM, que opera na região do golfo Pérsico.
 
O guitarrista Thurston Moore, do Sonic Youth, criou um selo virtual para protestar contra a guerra. E, direto, se chama Protest Records (www.protest-records.com). Vários artistas estão colaborando com MP3s engajados no repúdio à guerra. Beastie Boys e Cat Power estão lá, chiando contra o Bush.
 
O semanário inglês "New Musical Express" estimulou leitores de Bagdá a escreverem sobre a vida pop na capital do Iraque. Os americanos Eminem, Britney Spears e Backstreet Boys são sucesso das rádios de lá. REM também.
Diz Raed, dono do (suposto) blog iraquiano mais famoso do momento, que as rádios de língua inglesa de Bagdá não podem dizer o nome da banda Bush. Tem que soletrar. B-u-s-h. Mas aí já parece viagem.
 
Grande música feita graças à guerra é "March of Death", obra do protesto conjunto de Zack de la Rocha (ex-Rage against the Machine) e o californiano DJ Shadow. Está em marchofdeath. com. Zack tem a melhor voz de protesto contra qualquer coisa do rock. Mas aqui, no caso, "Mach of Death" é hip hop. Dos bons.
 
A música brasileira também arma chiadeira contra essa guerra, está pensando o quê? O site da gravadora Trama (www.trama.com.br) põe à disposição a inconformada "Companheiro Bush", de Tom Zé. A letra é de, realmente, fazer a guerra acabar na hora:
"Se você já sabe/ Quem vendeu/ Aquela bomba pro Iraque,/ Desembuche:/ Eu desconfio que foi o Bush/ Foi o Bush/ Foi o Bush/ Foi o Bush".
 
Waffa, sobrinha de Osama bin Laden, o homem mais procurado do mundo, prepara carreira na música pop inglesa. A menina, de 26 anos, advogada formada nos... EUA, está preparando um álbum com o produtores Nellee Hooper (Madonna) e John Benson (All Saints).
Pelo menos espera lançar um single até o final do ano.
Segundo relatos, a filha do irmão de Osama bin Laden vivia em Nova York na época dos atentados de 11 de setembro de 2001. Assustada, mudou para Londres e não reconhece mais o terrorista como tio.

lucio@uol.com.br


Texto Anterior: Mônica Bergamo
Próximo Texto: Música: Defensor da guerra, Ramone lança tributo
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.