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Visão de mercado conflita com politização da cena
DO ENVIADO ESPECIAL
O Festival de Teatro de
Curitiba que concebe um eixo político na curadoria da
mostra oficial, nesta 15ª edição, é o mesmo que finge
que o Fringe não existe.
Criado em 1998, o evento
alternativo atrai hoje 50 mil
espectadores. Nos últimos
anos, roubou a cena com espetáculos dignos de figurar
na mostra principal.
Não por acaso, o Espanca!
("Amores Surdos") e o XIX
de Teatro ("Hygiene"), outrora "paralelos", retornam
agora com direito a cachê.
Cachê possivelmente inferior a uma superprodução
com rostos da TV, como a
carioca "O Amor Imortal de
Antônio e Cleópatra", dirigida por Paulo José e protagonizada por Maria Padilha e
Caco Ciocler. Pois "Antônio
e Cleópatra" não veio. No final, cancelou tudo "em virtude da convocação de atores pela Rede Globo". Essa
desculpa foi um banho de
água fria em parte da platéia
curitibana que gosta de freqüentar o Guaíra só para ver
peça "com ator da Globo".
Foi no palco do Guaíra,
emblematicamente, que o
público viu a nova montagem do Espanca! Foi no
Guaíra que a Cia. dos Comuns cutucou essa "ideologia de prosecco" com "Bakulo - Os Bem Lembrados".
Curioso que o festival organizado pela iniciativa privada, com parte de recursos
públicos, se deixe penetrar
pela politização da cena. E,
contrafação, se mostre tão
insensível às reivindicações
dos grupos e do público para
que o teatro aconteça.
(VS)
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