São Paulo, sábado, 28 de março de 2009

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Crítica/"Segundas..."

Filme sobre o tédio usa estética de comercial

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Era uma segunda-feira de 1979 em San Diego, Califórnia, e Brenda Spencer, então com 16 anos, estava entediada. Buscou "diversão" num ato extremo: pegou um rifle e saiu atirando em crianças numa escola. O motivo? "Eu não gosto de segundas-feiras", disse, numa frase que inspirou o sucesso "I Don't Like Mondays", do grupo irlandês Boomtown Rats.
O caso abre o documentário holandês "Segundas Sangrentas & Tortas de Morango", narrado sem pressa por John Malkovich (com trechos de Dostoievski e Bret Easton Ellis), com a difícil missão de captar o tédio sem levar o telespectador ao sono. Os personagens parecem buscar a resposta para a questão das questões -"Afinal, qual o sentido da vida?".
Muitos vão se identificar com a jovem estagnada em um emprego maçante (produção de tortas de morango). Angustiada e apática, ela toca ao violão "Perfect Day", de Lou Reed. A ironia da situação incomoda, como quando planos-sequências mostram o vazio por trás da esquizofrenia dos corretores de ações de Wall Street.
À parte os personagens fascinantes, a diretora Coco Schrijber usa uma estética duvidosa, com fotografia deslumbrante, digna de comerciais de cartão de crédito, daqueles que pedem para o telespectador curtir um pouco mais a vida.


SEGUNDAS SANGRENTAS & TORTAS DE MORANGO
Direção: Coco Schrijber
Quando: hoje, às 13h, e amanhã, às 15h, no CCBB-SP
Classificação: não indicado a menores de 14 anos
Avaliação: regular



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