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Crítica/"Segundas..."
Filme sobre o tédio usa estética de comercial
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Era uma segunda-feira
de 1979 em San Diego,
Califórnia, e Brenda
Spencer, então com 16 anos, estava entediada. Buscou "diversão" num ato extremo: pegou
um rifle e saiu atirando em
crianças numa escola. O motivo? "Eu não gosto de segundas-feiras", disse, numa frase que
inspirou o sucesso "I Don't Like Mondays", do grupo irlandês Boomtown Rats.
O caso abre o documentário
holandês "Segundas Sangrentas & Tortas de Morango", narrado sem pressa por John Malkovich (com trechos de Dostoievski e Bret Easton Ellis),
com a difícil missão de captar o
tédio sem levar o telespectador
ao sono. Os personagens parecem buscar a resposta para a
questão das questões -"Afinal,
qual o sentido da vida?".
Muitos vão se identificar
com a jovem estagnada em um
emprego maçante (produção
de tortas de morango). Angustiada e apática, ela toca ao violão "Perfect Day", de Lou Reed.
A ironia da situação incomoda,
como quando planos-sequências mostram o vazio por trás
da esquizofrenia dos corretores
de ações de Wall Street.
À parte os personagens fascinantes, a diretora Coco Schrijber usa uma estética duvidosa,
com fotografia deslumbrante,
digna de comerciais de cartão
de crédito, daqueles que pedem
para o telespectador curtir um
pouco mais a vida.
SEGUNDAS SANGRENTAS & TORTAS DE MORANGO
Direção: Coco Schrijber
Quando: hoje, às 13h, e amanhã, às
15h, no CCBB-SP
Classificação: não indicado a menores de 14 anos
Avaliação: regular
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