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Restauração custou US$ 1 milhão
ADRIANE GRAU
especial para a Folha,
em San Francisco
Quase quarenta anos se passaram desde que ``Um Corpo que
Cai'', de Alfred Hitchcock, chegou
aos cinemas americanos mostrando a trama de obsessão, paixão e
espiritismo que se desenrola em
San Francisco.
O negativo original em VistaVision estava tão deteriorado que a
Universal Stúdios resolveu investir US$ 1 milhão para restaurá-lo.
O filme ficou pronto no ano passado graças ao trabalho meticuloso da dupla de restauradores Robert A. Harris e James C. Katz,
também responsáveis por recuperações de filmes como ``Lawrence
da Arábia'', ``Spartacus'' e ``My
Fair Lady'' .
``Foi literalmente um trabalho
quadro a quadro'', afirma Harris.
O filme que entra em cartaz hoje
mostra as cores e sons idealizados
pelo mestre do suspense.
Como o original tinha perdido
qualidade, os restauradores fizeram uma extensa pesquisa para
encontrar elementos da época.
``Conseguimos uma lasca da pintura original do Jaguar verde que
Kim Novak dirige'', conta Katz.
``Por sorte, encontramos também
o vestido que ela usa na segunda
parte da trama.''
``Só alguém sozinho fica vagando'', sussurra Madeleine (interpretada por Kim Novak) a certa altura do filme. ``Dois estão sempre
indo a algum lugar.''
Em passagens como esta, Hitchcock queria mostrar a beleza da cidade ao fazer o filme, em 1957.
Por isso, os personagens Scottie
(interpretado por James Stewart) e
Madeleine/Judy (Novak) passeiam
por pontos turísticos como a vermelha ponte Golden Gate, o rosado Palace of Fine Arts e o monumental museu Palace of Legion of
Honor. Tal colorido aparece exuberante na nova cópia.
A filha do diretor, Pat Hitchcock,
herdou do pai os direitos sobre os
filmes do mestre do suspense.
De acordo com ela, ``Interlúdio'', feito em 1946, é o seu filme
favorito, mas ``Um Corpo que
Cai'' não fez sucesso nos anos 50
por ser muito avançado para a
época.
``Hoje em dia os jovens são mais
sofisticados e vão entender melhor
o maravilhoso trabalho de Kim
Novak'', afirma ela.
Segundo os restauradores Katz e
Harris, mais da metade dos filmes
feitos no apogeu do cinema está
ameaçado de desaparecer. Por isso, eles dizem se dedicar a salvar
clássicos.
O projeto de recuperação da
obra de Hitchcock começou há 12
anos, quando a Universal programou uma mostra itinerante de
seus filmes.
``Percebemos que os negativos
estavam empalidecendo e desistimos daquele projeto para começar
as restaurações'', afirma James
Katz.
``Escolher `Vertigo' foi virar as
costas para centenas de outros filmes que não tem mais salvação.''
O trabalho da dupla de restauradores foi premiado pela Sociedade
Nacional de Críticos de Filmes em
janeiro nos Estados Unidos.
Lucro mundial
``Um Corpo que Cai'' já engordou os cofres da Universal com
US$ 1,8 milhão quando foi mostrado em 62 cinemas ao redor dos
Estados Unidos.
Além de entrar em cartaz no Brasil, o filme está sendo mostrado na
França e na Alemanha, onde lucrou outros US$ 140 mil.
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