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São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2003

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"SEXO, GLAMOUR & BALAS"

Obra de Eduardo Torelli defende essência apolítica das histórias do espião britânico 007

Livro analisa "escapismo" de James Bond

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Cinquenta anos de história, 40 de cinema, cinco atores diferentes, Muro de Berlim, 11 de setembro. Que fórmula mágica poderia manter vivo até hoje o datado James Bond tanto no imaginário popular quanto nos estúdios de Hollywood? "Sexo, Glamour & Balas", responde o jornalista Eduardo Torelli, que lança livro homônimo pela Opera Graphica.
"Podemos dizer que "James Bond" é a série mais bem-sucedida, em termos de continuidade, da história do cinema. Não pelo lado artístico, é claro, mas como simples entretenimento escapista", aponta Torelli, 32, que se iniciou na saga do espião 007 por meio dos livros de Ian Fleming. "Quando assisti ao primeiro filme de Bond no cinema ["Octopussy], em 1983", já tinha lido a coleção completa dos livros."
E a paixão de juventude influencia diretamente na missão de "Sexo, Glamour & Balas": entender o 007 cinematográfico como uma interpretação do herói literário.
Os nove anos que separam a estréia do espião flemingiano com o romance "Cassino Royale" (1953) de sua primeira aventura nas telonas, "007 contra o Satânico Dr. No" (1964), marcam profundamente essa relação. "É interessante ver como o surgimento de outras mídias, o tempo e os diferentes momentos históricos influenciaram a história de Bond."
Assim, de orelhada, dá até para esperar de "Sexo, Glamour & Balas" mais uma das muitas teorias político-conspiratórias à anos 70 contra o agente licenciado para matar. "As referências ao nazismo, ao comunismo e a outras questões políticas de cada época são mais um recurso oportunista do que ideológico. À medida que o mundo foi se tornando mais democrático, James Bond também se tornou mais democrático. Que raios de ideologia é essa?", defende o autor.
Para Torelli, não só os filmes do herói mas os próprios romances de Ian Fleming sofreram com a carga do tempo. "Fleming foi sempre um patriota. "Cassino Royale" foi escrito em um período de glória da Inglaterra, que chegou a combater sozinha, por algum tempo, os nazistas na Segunda Guerra. Com o tempo, a importância dela foi se reduzindo até se tornar mera parceira dos Estados Unidos. Fleming assumiu isso, mergulhando de vez na fantasia. Esse era o lado inteligente dele."
Resultado de quase três anos de pesquisa, "Sexo, Glamour & Balas" traz resenhas de todos os livros e filmes do espião, bem como análises de seus vilões e das clássicas -e não menos polêmicas- "Bond girls". "É ideal para quem não é muito fã. Não é uma coisa para "freaks" nem com informações de com quantas meninas 007 já foi para a cama", avisa Torelli.


SEXO, GLAMOUR & BALAS. De: Eduardo Torelli. Editora: Opera Graphica. Quanto: R$ 49 (240 páginas).


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