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"SEXO, GLAMOUR & BALAS"
Obra de Eduardo Torelli defende essência apolítica das histórias do espião britânico 007
Livro analisa "escapismo" de James Bond
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Cinquenta anos de história, 40
de cinema, cinco atores diferentes, Muro de Berlim, 11 de setembro. Que fórmula mágica poderia
manter vivo até hoje o datado James Bond tanto no imaginário
popular quanto nos estúdios de
Hollywood? "Sexo, Glamour &
Balas", responde o jornalista
Eduardo Torelli, que lança livro
homônimo pela Opera Graphica.
"Podemos dizer que "James
Bond" é a série mais bem-sucedida, em termos de continuidade,
da história do cinema. Não pelo
lado artístico, é claro, mas como
simples entretenimento escapista", aponta Torelli, 32, que se iniciou na saga do espião 007 por
meio dos livros de Ian Fleming.
"Quando assisti ao primeiro filme
de Bond no cinema ["Octopussy], em 1983", já tinha lido a
coleção completa dos livros."
E a paixão de juventude influencia diretamente na missão de "Sexo, Glamour & Balas": entender o
007 cinematográfico como uma
interpretação do herói literário.
Os nove anos que separam a estréia do espião flemingiano com o
romance "Cassino Royale" (1953)
de sua primeira aventura nas telonas, "007 contra o Satânico Dr.
No" (1964), marcam profundamente essa relação. "É interessante ver como o surgimento de outras mídias, o tempo e os diferentes momentos históricos influenciaram a história de Bond."
Assim, de orelhada, dá até para
esperar de "Sexo, Glamour & Balas" mais uma das muitas teorias
político-conspiratórias à anos 70
contra o agente licenciado para
matar. "As referências ao nazismo, ao comunismo e a outras
questões políticas de cada época
são mais um recurso oportunista
do que ideológico. À medida que
o mundo foi se tornando mais democrático, James Bond também
se tornou mais democrático. Que
raios de ideologia é essa?", defende o autor.
Para Torelli, não só os filmes do
herói mas os próprios romances
de Ian Fleming sofreram com a
carga do tempo. "Fleming foi
sempre um patriota. "Cassino Royale" foi escrito em um período de
glória da Inglaterra, que chegou a
combater sozinha, por algum
tempo, os nazistas na Segunda
Guerra. Com o tempo, a importância dela foi se reduzindo até se
tornar mera parceira dos Estados
Unidos. Fleming assumiu isso,
mergulhando de vez na fantasia.
Esse era o lado inteligente dele."
Resultado de quase três anos de
pesquisa, "Sexo, Glamour & Balas" traz resenhas de todos os livros e filmes do espião, bem como
análises de seus vilões e das clássicas -e não menos polêmicas-
"Bond girls". "É ideal para quem
não é muito fã. Não é uma coisa
para "freaks" nem com informações de com quantas meninas 007
já foi para a cama", avisa Torelli.
SEXO, GLAMOUR & BALAS. De:
Eduardo Torelli. Editora: Opera Graphica.
Quanto: R$ 49 (240 páginas).
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