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CINEMA
Diretor Walter Salles e atores do longa recebem 130 jornalistas e 1.700 convidados para divulgar filme em São Paulo
"Diários de Motocicleta" tem dia sem fim
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
A segunda-feira (26/4) encontrou o cineasta Walter Salles e os
atores Gael García Bernal e Rodrigo de la Serna ouvindo tango, às
3h da manhã, em São Paulo.
Quem cantava era um animadíssimo Alberto Granado, 82,
amigo do líder revolucionário Ernesto Che Guevara (1928-1967) e
personagem do filme "Diários de
Motocicleta", dirigido por Salles,
com Bernal no papel de Che e De
la Serna no de Granado. O longa
refaz o percurso de ambos pela
América Latina, em 1952.
A equipe do filme se reuniu no
Brasil para divulgar sua estréia,
que ocorre no próximo dia 7, na
semana anterior ao Festival de
Cannes (12 a 23 de maio), em que
"Diários de Motocicleta" competirá pela Palma de Ouro.
O primeiro a chegar a São Paulo
foi Granado (na sexta), vindo de
Cuba, onde vive. Na seqüência,
desembarcaram Bernal, De la Serna e Salles, que concluiu na quinta, nos EUA, as filmagens de seu
novo longa ("The Dark Water").
Na agenda dos "Diários", a segunda seria o dia de encarar 130
jornalistas, durante oito horas de
entrevistas; receber 1.700 convidados para a pré-estréia nas nove
salas do Unibanco Arteplex (patrocinado pelo banco da família
Salles) e jantar com 50 amigos
num badalado restaurante.
Diante da perspectiva da maratona, Salles resignou-se: "Estou
tão cansado que nem consigo sentir a pressão da estréia". Eram 13h,
e ele deixava o hotel (nos Jardins),
em direção à coletiva de imprensa
(na Bela Vista). Na contabilidade
do dia, já havia concedido duas
entrevistas exclusivas, desde as
10h.
Granado seguia animado. "Dei
uma resposta muito longa?", cochichou aos companheiros, depois de comentar a primeira
questão da coletiva, sobre a hipótese de serem os "Diários" um filme sobre "a ternura de Che".
"Em um mundo em que todos
mentem, se não minto, estou revolucionando", disse o companheiro de Guevara, exemplificando como o filme antevê o revolucionário Che no jovem Ernesto.
Finda a coletiva -em que Granado ganhou um boné do MST e
o vestiu imediatamente, e Bernal
concedeu dezenas de autógrafos
aos jornalistas-, a equipe fez
pausa de uma hora para o almoço
e retomou os encontros, desta vez
individuais, com os jornalistas.
Às 19h, "tonto de tanto dar entrevistas", De la Serna pediu licença para se retirar. Salles e Bernal
responderam a última pergunta
às 19h45. Às 21h17, o trio entrou
pelos corredores do Arteplex,
com Granado à frente, acompanhado da mulher, Délia.
Por lá já estavam convidados
como Bruna Lombardi, Luana
Piovani, Paulo Ricardo, Hector
Babenco, Guilhermina Guinle
(com camiseta de Che).
Salles percorreu as salas uma a
uma, apresentando o filme. Às
21h44, entrou na última delas, onde se concentravam seus amigos.
Trazia toda a equipe ao seu lado.
Ouviu Gael dizer que o filme "foi
uma das mais bonitas experiências" de sua vida, ao que De la Serna emendou: "Também te amo,
Walter". O diretor dedicou a sessão à mulher de Granado e deixou
a sala em seguida.
No saguão, diretor e atores continuaram falando sobre "Diários", com o argentino-brasileiro
Babenco, enquanto o coquetel e o
jantar não vinham surpreendê-los já na terça e ainda despertos.
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