São Paulo, quarta-feira, 28 de abril de 2004

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CINEMA

Diretor Walter Salles e atores do longa recebem 130 jornalistas e 1.700 convidados para divulgar filme em São Paulo

"Diários de Motocicleta" tem dia sem fim

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

A segunda-feira (26/4) encontrou o cineasta Walter Salles e os atores Gael García Bernal e Rodrigo de la Serna ouvindo tango, às 3h da manhã, em São Paulo.
Quem cantava era um animadíssimo Alberto Granado, 82, amigo do líder revolucionário Ernesto Che Guevara (1928-1967) e personagem do filme "Diários de Motocicleta", dirigido por Salles, com Bernal no papel de Che e De la Serna no de Granado. O longa refaz o percurso de ambos pela América Latina, em 1952.
A equipe do filme se reuniu no Brasil para divulgar sua estréia, que ocorre no próximo dia 7, na semana anterior ao Festival de Cannes (12 a 23 de maio), em que "Diários de Motocicleta" competirá pela Palma de Ouro.
O primeiro a chegar a São Paulo foi Granado (na sexta), vindo de Cuba, onde vive. Na seqüência, desembarcaram Bernal, De la Serna e Salles, que concluiu na quinta, nos EUA, as filmagens de seu novo longa ("The Dark Water").
Na agenda dos "Diários", a segunda seria o dia de encarar 130 jornalistas, durante oito horas de entrevistas; receber 1.700 convidados para a pré-estréia nas nove salas do Unibanco Arteplex (patrocinado pelo banco da família Salles) e jantar com 50 amigos num badalado restaurante.
Diante da perspectiva da maratona, Salles resignou-se: "Estou tão cansado que nem consigo sentir a pressão da estréia". Eram 13h, e ele deixava o hotel (nos Jardins), em direção à coletiva de imprensa (na Bela Vista). Na contabilidade do dia, já havia concedido duas entrevistas exclusivas, desde as 10h.
Granado seguia animado. "Dei uma resposta muito longa?", cochichou aos companheiros, depois de comentar a primeira questão da coletiva, sobre a hipótese de serem os "Diários" um filme sobre "a ternura de Che".
"Em um mundo em que todos mentem, se não minto, estou revolucionando", disse o companheiro de Guevara, exemplificando como o filme antevê o revolucionário Che no jovem Ernesto.
Finda a coletiva -em que Granado ganhou um boné do MST e o vestiu imediatamente, e Bernal concedeu dezenas de autógrafos aos jornalistas-, a equipe fez pausa de uma hora para o almoço e retomou os encontros, desta vez individuais, com os jornalistas.
Às 19h, "tonto de tanto dar entrevistas", De la Serna pediu licença para se retirar. Salles e Bernal responderam a última pergunta às 19h45. Às 21h17, o trio entrou pelos corredores do Arteplex, com Granado à frente, acompanhado da mulher, Délia.
Por lá já estavam convidados como Bruna Lombardi, Luana Piovani, Paulo Ricardo, Hector Babenco, Guilhermina Guinle (com camiseta de Che).
Salles percorreu as salas uma a uma, apresentando o filme. Às 21h44, entrou na última delas, onde se concentravam seus amigos. Trazia toda a equipe ao seu lado. Ouviu Gael dizer que o filme "foi uma das mais bonitas experiências" de sua vida, ao que De la Serna emendou: "Também te amo, Walter". O diretor dedicou a sessão à mulher de Granado e deixou a sala em seguida.
No saguão, diretor e atores continuaram falando sobre "Diários", com o argentino-brasileiro Babenco, enquanto o coquetel e o jantar não vinham surpreendê-los já na terça e ainda despertos.


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