São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 2006

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DEBATE

Santiago aponta os impasses da literatura

DA REPORTAGEM LOCAL

"O escritor brasileiro não sabe como resolver a questão do mercado." A problemática da literatura nacional é apontada pelo crítico literário e escritor Silviano Santiago, em conversa -curta e um tanto datada, com menção à novela "América"- com o crítico de cinema Inimá Simões, que vai ao ar hoje à noite, no programa "Sintonia", do canal STV.
Santiago observa que muitos autores do Brasil acreditam que devem fazer uma literatura "bem comportada", supostamente acessível, para obter mais leitores.
"As pessoas acham que devem escrever para um determinado público. Aí a literatura vira algo insignificante, porque ela ou bem vai virar espécie de auto-ajuda, ou terá conotação de caráter moral, religioso, e não tem o sentido de transgressão do status quo da arte", analisa Santiago, que faz ainda uma referência indireta ao best-seller Paulo Coelho. "Existe um escritor que soube [ser bem-sucedido em termos mercadológicos], mas da pior maneira possível."
Nascido em 1936, na pequena cidade de Formiga, no interior de Minas Gerais, Santiago conta como seu contato com histórias em quadrinhos na infância o deixou a par dos acontecimentos do mundo: "Eu sabia tudo da Segunda Guerra morando numa cidade de 30 mil habitantes", salienta o crítico. "Esse é o poder da arte, seja ela grande ou a dos gibis."
A articulação entre local e universal, que marcou sua infância, é extrapolada e aparece no seu livro "O Cosmopolitismo do Pobre" (editora UFMG, 2004). No programa, Santiago fala sobre o livro e analisa como os movimentos culturais de comunidades carentes, de países periféricos como o Brasil, têm um diálogo que independe dos canais oficiais.
"Os pobres não reconhecem mais o seu lugar. Não é pela educação formal e pelo Estado que eles se organizam. E ficam ao mesmo tempo aquém do nacional e além do internacional."


Sintonia - Silvano Santiago
Quando:
hoje, às 21h, na Rede SescSenac


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