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DEBATE
Santiago aponta os impasses da literatura
DA REPORTAGEM LOCAL
"O escritor brasileiro não sabe
como resolver a questão do mercado." A problemática da literatura nacional é apontada pelo crítico literário e escritor Silviano Santiago, em conversa -curta e um
tanto datada, com menção à novela "América"- com o crítico
de cinema Inimá Simões, que vai
ao ar hoje à noite, no programa
"Sintonia", do canal STV.
Santiago observa que muitos
autores do Brasil acreditam que
devem fazer uma literatura "bem
comportada", supostamente
acessível, para obter mais leitores.
"As pessoas acham que devem
escrever para um determinado
público. Aí a literatura vira algo
insignificante, porque ela ou bem
vai virar espécie de auto-ajuda, ou
terá conotação de caráter moral,
religioso, e não tem o sentido de
transgressão do status quo da arte", analisa Santiago, que faz ainda uma referência indireta ao
best-seller Paulo Coelho. "Existe
um escritor que soube [ser bem-sucedido em termos mercadológicos], mas da pior maneira possível."
Nascido em 1936, na pequena
cidade de Formiga, no interior de
Minas Gerais, Santiago conta como seu contato com histórias em
quadrinhos na infância o deixou a
par dos acontecimentos do mundo: "Eu sabia tudo da Segunda
Guerra morando numa cidade de
30 mil habitantes", salienta o crítico. "Esse é o poder da arte, seja ela
grande ou a dos gibis."
A articulação entre local e universal, que marcou sua infância, é
extrapolada e aparece no seu livro
"O Cosmopolitismo do Pobre"
(editora UFMG, 2004). No programa, Santiago fala sobre o livro
e analisa como os movimentos
culturais de comunidades carentes, de países periféricos como o
Brasil, têm um diálogo que independe dos canais oficiais.
"Os pobres não reconhecem
mais o seu lugar. Não é pela educação formal e pelo Estado que
eles se organizam. E ficam ao
mesmo tempo aquém do nacional e além do internacional."
Sintonia - Silvano Santiago
Quando: hoje, às 21h, na Rede
SescSenac
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