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Livro sobre o 11 de Setembro deve virar filme
DE WASHINGTON
Nos quatro anos entre o 11 de
Setembro e o lançamento de
seu livro, no ano passado nos
EUA, o jornalista Lawrence
Wright acompanhou atentamente os desdobramentos do
ataque, não só por curiosidade
pessoal, mas por dever profissional. Afinal, esse era o tema
do que viria a ser "O Vulto das
Torres".
Um dia, ouvindo o noticiário
sobre o Exército sendo convocado para patrulhar Nova York,
a comunidade muçulmana sendo alvo de xenofobia e o início
das denúncias sobre maus-tratos a prisioneiros, Wright disse
que gritou para si mesmo:
"Eu já vi isso antes! Aliás, eu
já escrevi sobre isso antes!".
Realmente. Está tudo em
"Nova York Sitiada" (The Siege,
no título original, ou "o cerco"),
longa de 1998 baseado em sua
história e do qual é roteirista.
Wright acabara de escrever sobre o primeiro atentado ao
World Trade Center, de 1993, e
começava a investigar as origens do radicalismo islâmico
quando viu o texto sobre o assunto que publicou na "New
Yorker" ser comprado por um
estúdio de Hollywood.
Logo, o cenário hipotético de
um grande ataque terrorista
em Nova York viraria filme,
com Denzel Washington e
Tony Shalhoub nos papéis de
policiais, que contam com a
ajuda da agente da CIA Annette
Benning para investigar uma
possível célula terrorista, enquanto o militar interpretado
por Bruce Willis cerca a cidade.
"Foi impressionante, porque
o ataque do 11 de Setembro foi
muito cinematográfico, se pensarmos friamente", disse o autor à Folha. "As pessoas me diziam: "Parece um filme". Eu
pensava quieto, dentro de
mim: "Não, parece o meu filme!"." Agora, é a vez de "O Vulto das Torres" ser adaptado para o cinema.
Ou, pelo menos, é o que espera o autor. A MGM, um dos estúdios de Hollywood, comprou
os direitos de filmar o artigo
original sobre o ex-agente do
FBI John O'Neill, que ele escreveu para a "New Yorker" e
que viraria a semente do livro.
Desde então, a empresa foi
comparada pela Sony, que tinha um projeto semelhante
sendo tocado. Outro dia
Wright ouviu que tal projeto tinha sido engavetado, por falta
de interesse, e que, por sua vez,
com a publicação do livro era o
seu que tinha saído da gaveta.
"Hollywood é um lugar muito
complicado de se entender",
diz o homem que pesquisou o
organograma da Al Qaeda e das
16 diferentes agências de inteligência dos EUA.
"Cinco anos depois do 11 de
Setembro, de certa maneira estamos em uma situação pior do
que antes, com a desorganização e a desmoralização de várias agências."
(SD)
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