São Paulo, sábado, 28 de abril de 2007

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Livro sobre o 11 de Setembro deve virar filme

DE WASHINGTON

Nos quatro anos entre o 11 de Setembro e o lançamento de seu livro, no ano passado nos EUA, o jornalista Lawrence Wright acompanhou atentamente os desdobramentos do ataque, não só por curiosidade pessoal, mas por dever profissional. Afinal, esse era o tema do que viria a ser "O Vulto das Torres".
Um dia, ouvindo o noticiário sobre o Exército sendo convocado para patrulhar Nova York, a comunidade muçulmana sendo alvo de xenofobia e o início das denúncias sobre maus-tratos a prisioneiros, Wright disse que gritou para si mesmo:
"Eu já vi isso antes! Aliás, eu já escrevi sobre isso antes!".
Realmente. Está tudo em "Nova York Sitiada" (The Siege, no título original, ou "o cerco"), longa de 1998 baseado em sua história e do qual é roteirista. Wright acabara de escrever sobre o primeiro atentado ao World Trade Center, de 1993, e começava a investigar as origens do radicalismo islâmico quando viu o texto sobre o assunto que publicou na "New Yorker" ser comprado por um estúdio de Hollywood.
Logo, o cenário hipotético de um grande ataque terrorista em Nova York viraria filme, com Denzel Washington e Tony Shalhoub nos papéis de policiais, que contam com a ajuda da agente da CIA Annette Benning para investigar uma possível célula terrorista, enquanto o militar interpretado por Bruce Willis cerca a cidade.
"Foi impressionante, porque o ataque do 11 de Setembro foi muito cinematográfico, se pensarmos friamente", disse o autor à Folha. "As pessoas me diziam: "Parece um filme". Eu pensava quieto, dentro de mim: "Não, parece o meu filme!"." Agora, é a vez de "O Vulto das Torres" ser adaptado para o cinema.
Ou, pelo menos, é o que espera o autor. A MGM, um dos estúdios de Hollywood, comprou os direitos de filmar o artigo original sobre o ex-agente do FBI John O'Neill, que ele escreveu para a "New Yorker" e que viraria a semente do livro.
Desde então, a empresa foi comparada pela Sony, que tinha um projeto semelhante sendo tocado. Outro dia Wright ouviu que tal projeto tinha sido engavetado, por falta de interesse, e que, por sua vez, com a publicação do livro era o seu que tinha saído da gaveta. "Hollywood é um lugar muito complicado de se entender", diz o homem que pesquisou o organograma da Al Qaeda e das 16 diferentes agências de inteligência dos EUA.
"Cinco anos depois do 11 de Setembro, de certa maneira estamos em uma situação pior do que antes, com a desorganização e a desmoralização de várias agências." (SD)


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