São Paulo, sábado, 28 de abril de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Acordo proíbe livro sobre Roberto Carlos

Editora Planeta tem 60 dias para entregar 10.700 cópias que tem em estoque e tentar reaver livros distribuídos

Cantor poderá comprar exemplares à venda e ser ressarcido pela editora; diretor da Planeta disse que "contexto era desfavorável"


EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de mais de cinco horas de audiência, que aconteceu ontem à tarde, na 20ª Vara Criminal da Barra Funda, em São Paulo, os advogados do cantor Roberto Carlos e da editora Planeta fizeram um acordo que prevê a interrupção definitiva da produção e comercialização da biografia não-autorizada "Roberto Carlos em Detalhes", do jornalista e historiador Paulo Cesar Araújo. O autor também se comprometeu a não fazer, em entrevistas, comentários sobre o conteúdo do livro no que diz respeito à vida pessoal do cantor.
A Planeta terá até 60 dias, contando a partir de ontem, para entregar ao cantor os 10.700 exemplares do livro que ainda tem em estoque. Segundo o advogado da editora, Ronaldo Tovani, a Planeta tentará reaver os livros que ainda estão à venda nas livrarias. O acordo prevê também que Roberto Carlos poderá comprar os livros que estão no mercado e que a editora terá que ressarci-lo.
"Isso nos faz lembrar os tempos obscuros do nazismo", lamentou Pascoal Soto, diretor editorial da Planeta, afirmando que aceitaram o acordo porque "o contexto era desfavorável".
No fim de fevereiro, alegando invasão de privacidade, os advogados do Rei haviam conseguido uma liminar suspendendo provisoriamente a comercialização da biografia, numa ação cível cujo descumprimento obrigaria a Planeta a pagar uma multa diária de R$ 50 mil. A editora acatou a liminar, mas, como as livrarias continuaram a vender o livro, Roberto Carlos resolveu entrar com uma ação criminal. O juiz Tércio Pires, da 20ª Vara, convocou então a audiência de conciliação que resultou no acordo de ontem.
À saída da audiência, Roberto Carlos não deu declarações. Chorando, Paulo Cesar Araújo disse que chegou "a propor tirar os 5% que ele não tinha gostado e abrir mão dos direitos autorais para que a história permanecesse".
"Não sabemos até agora até que ponto a declaração do Paulo mexeu com o Roberto. Não deciframos sua expressão", disse Pascoal Soto.
Norberto Flach, advogado de Roberto, disse que o cantor não quis indenização: "O mais importante era cessar o agravo à sua pessoa, por isso ele abriu mão de qualquer compensação financeira", afirmou Flach, contando que houve momentos de tensão em que o Rei se emocionou -quando apresentou suas razões ao juiz. Segundo Araújo e Soto, o cantor teria se queixado, entre outras coisas, das passagens em que o historiador fala do envolvimento do Rei com a cantora Maysa e o acidente com sua perna.

O livro
"Roberto Carlos em Detalhes" foi lançado no dia 1º dezembro do ano passado. Com 504 páginas, o livro alinhava a trajetória do cantor com detalhes de sua vida íntima. O Rei se manifestou contra o livro pela primeira vez no dia 11 de dezembro, em sua tradicional entrevista coletiva de fim de ano. Roberto se queixou de Araújo, mesmo admitindo que não havia lido a biografia.


Texto Anterior: Música: Mundo Livre faz canção sobre caso Virginia Tech
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.