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Acordo proíbe livro sobre Roberto Carlos
Editora Planeta tem 60 dias para entregar 10.700 cópias que tem em estoque e tentar reaver livros distribuídos
Cantor poderá comprar exemplares à venda e ser ressarcido pela editora; diretor da Planeta disse que "contexto era desfavorável"
EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de mais de cinco horas de audiência, que aconteceu
ontem à tarde, na 20ª Vara Criminal da Barra Funda, em São
Paulo, os advogados do cantor
Roberto Carlos e da editora
Planeta fizeram um acordo que
prevê a interrupção definitiva
da produção e comercialização
da biografia não-autorizada
"Roberto Carlos em Detalhes",
do jornalista e historiador Paulo Cesar Araújo. O autor também se comprometeu a não fazer, em entrevistas, comentários sobre o conteúdo do livro
no que diz respeito à vida pessoal do cantor.
A Planeta terá até 60 dias,
contando a partir de ontem, para entregar ao cantor os 10.700
exemplares do livro que ainda
tem em estoque. Segundo o advogado da editora, Ronaldo Tovani, a Planeta tentará reaver
os livros que ainda estão à venda nas livrarias. O acordo prevê
também que Roberto Carlos
poderá comprar os livros que
estão no mercado e que a editora terá que ressarci-lo.
"Isso nos faz lembrar os tempos obscuros do nazismo", lamentou Pascoal Soto, diretor
editorial da Planeta, afirmando
que aceitaram o acordo porque
"o contexto era desfavorável".
No fim de fevereiro, alegando
invasão de privacidade, os advogados do Rei haviam conseguido uma liminar suspendendo provisoriamente a comercialização da biografia, numa
ação cível cujo descumprimento obrigaria a Planeta a pagar
uma multa diária de R$ 50 mil.
A editora acatou a liminar, mas,
como as livrarias continuaram
a vender o livro, Roberto Carlos
resolveu entrar com uma ação
criminal. O juiz Tércio Pires, da
20ª Vara, convocou então a audiência de conciliação que resultou no acordo de ontem.
À saída da audiência, Roberto
Carlos não deu declarações.
Chorando, Paulo Cesar Araújo
disse que chegou "a propor tirar os 5% que ele não tinha gostado e abrir mão dos direitos
autorais para que a história
permanecesse".
"Não sabemos até agora até
que ponto a declaração do Paulo mexeu com o Roberto. Não
deciframos sua expressão", disse Pascoal Soto.
Norberto Flach, advogado de
Roberto, disse que o cantor não
quis indenização: "O mais importante era cessar o agravo à
sua pessoa, por isso ele abriu
mão de qualquer compensação
financeira", afirmou Flach,
contando que houve momentos de tensão em que o Rei se
emocionou -quando apresentou suas razões ao juiz. Segundo Araújo e Soto, o cantor teria
se queixado, entre outras coisas, das passagens em que o historiador fala do envolvimento
do Rei com a cantora Maysa e o
acidente com sua perna.
O livro
"Roberto Carlos em Detalhes" foi lançado no dia 1º dezembro do ano passado. Com
504 páginas, o livro alinhava a
trajetória do cantor com detalhes de sua vida íntima. O Rei se
manifestou contra o livro pela
primeira vez no dia 11 de dezembro, em sua tradicional entrevista coletiva de fim de ano.
Roberto se queixou de Araújo,
mesmo admitindo que não havia lido a biografia.
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