DO COLUNISTA DA FOLHA

Ao ser convidado pelo Instituto Internacional de Literatura Ibero-Americana para organizar um volume sobre Antonio Candido, o crítico e ensaísta Raúl Antelo decidiu que não faria um livro-homenagem, mas "uma obra de discussão, que mostrasse como o pensamento dele está vivo".
Os ensaios do volume tratam dos temas mais variados. Italo Moriconi, por exemplo, examina a "pedagogia do poema" implícita na obra de Candido. Antonio Carlos Santos, por sua vez, recupera a militância intelectual e política de Antonio Candido na imprensa durante o regime militar.
A britânica Jean Franco, da Universidade Columbia, situa historicamente a delicada elaboração da teoria crítica de Candido entre o marxismo, o formalismo e o "new criticism".
O italiano Ettore Finazzi-Agrò aborda, a partir da "Formação da Literatura Brasileira", o tema da origem na cultura brasileira.
O próprio Antelo desenvolve uma reflexão sobre os horizontes teóricos de Candido e alguns de seus discípulos, sobretudo em relação às idéias de pensadores como Vattimo e Derrida.
A influência de Antonio Candido na América espanhola aparece nos primeiros textos do livro. Como notam as argentinas Florencia Garramuño e Adriana Amante, essa influência não vem tanto dos (poucos) estudos que Candido dedicou a obras hispano-americanas, e sim da incorporação, por estudiosos do continente, de seus métodos de abordagem da literatura brasileira.
Um ensaio inédito do uruguaio Ángel Rama confirma isso, ao tomar como diretriz teórica a idéia de "sistema literário" desenvolvida em "Formação da Literatura Brasileira".