São Paulo, sexta-feira, 28 de maio de 2004

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RUÍDO

"Revelações" emperram biografia de Torquato

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

O escritor Toninho Vaz, 54, teme que sua biografia sobre Torquato Neto não saia a tempo de celebrar o que seriam os 60 anos do poeta tropicalista, que se suicidou em 1972 -pior, teme que nem seja lançada.
Segundo Vaz, "Todas as Horas do Fim" está emperrado na editora Record há cinco meses, à espera da aprovação da viúva do artista, Ana Duarte (que trabalha na editora Rocco).
"Disseram que ela reclamou de revelações que faço no livro, me considero censurado", diz o autor. "Falo com delicadeza, não sou nenhum gângster. Não abro mão das revelações", diz, sem especificá-las.
Ana Duarte diz que a razão não é essa. "Tenho uma versão aqui na minha frente, não li ainda por falta de tempo. Tenho uma pilha de livros, esse é mais um", diz. Mas acaba por indicar que há, sim, alguma razão a mais: "Não há restrição, são outras coisas. Não é o que ele escreve, as fontes dele é que dizem coisas que não existiram".
Pela Record, a editora Luciana Villas-Boas afirma que a casa tem todo o interesse em lançar o livro. "Investimos muito, obviamente não é interesse da editora deixar de lançar. Espero chegar a um acordo com Ana."
Saindo desse caso específico, ela acrescenta que as editoras, no Brasil, estão cada vez mais medrosas com o crescimento de uma "indústria de processos" em torno de biografias. "É claramente um tipo de censura, o livro-reportagem está ameaçado no Brasil."

O NÃO-LANÇAMENTO

O espetáculo musical-teatral não deu muito certo comercialmente, o disco que o seguiu menos ainda. Marília Pêra protagonizava "Feiticeira". O grupo progressivo Vímana (de Lulu Santos, Lobão e Ritchie) acompanhava Marília no palco -no disco, só participava de uma faixa. O repertório incluía Jards Macalé, Jorge Mautner, Eduardo Dusek... A Som Livre (que lançou o disco em 75) não tem dado importância a seu acervo, mas eis a surpresa: Charles Gavin confirma, ainda receoso, que a Som Livre acaba de aprovar a reedição de 50 títulos sob seus cuidados. "Só acredito que um projeto realmente aconteceu quando já está na fábrica", previne-se.

NOVA EMI
Marcos Maynard está efetivado presidente da EMI brasileira, no lugar de Beto Boaventura. O vice-presidente comercial, Aires Catarino, deixou a casa. Perguntado sobre o que a EMI espera agora da filial brasileira, o presidente para a América Latina, Marco Bissi, diz: "Muita liderança e muito sucesso". Detalhe: a EMI já se encontra em primeiro lugar no ranking nacional.

COBRA VERDE NO BRASIL
Segundo o jornal espanhol "El País", o autor do livro "Réquiem para a Música, os Artistas e a Indústria" hoje mora no Brasil e produz desenhos animados. Sob o pseudônimo J.L. Greensnake, ele dedica suas memórias a bastidores e críticas à indústria fonográfica espanhola, da qual foi executivo de ponta.

DOWNLOADS HUMANITÁRIOS
A ONG britânica Oxfam anunciou, em parceria com o site Big Noise Music (www.bignoisemusic.com), um programa de downloads cuja renda será revertida a ações humanitárias. Já tem adesão de grupos como Coldplay, The Darkness e Faithless.

psanches@folhasp.com.br


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