São Paulo, segunda-feira, 28 de maio de 2007

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comentário

Palma é das mais medíocres da história

AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A CANNES

"4 Luni, 3 Saptamini si 2 Zile" (4 meses, 3 semanas e 2 dias) se passa no ocaso da brutal era Ceausescu na Romênia. Uma estudante grávida se hospeda num hotel com uma amiga para improvisar um aborto. A acompanhante, vivida por Anamaria Marinca, vale o ingresso.
O romeno Cristian Mungiu filma em planos longos e estáticos. No mais, fez um filme manipulador, sensacionalista e carola, com um dos closes mais imorais dos últimos tempos. É desde logo uma das Palmas de Ouro mais medíocres da história.
Não falta coerência nesta premiação. Para uma disputa fraca, um vencedor idem. A forte lista no papel de Cannes não se confirmou na tela. A safra esfriou a celebração dos 60 anos do festival.
Prêmios à parte, duas apostas da curadoria se confirmaram: fortalecer a política dos autores e os autores mais políticos.
Alguns poucos cineastas renomados saem fortalecidos da disputa: os irmãos Joel e Ethan Coen, com seu melhor filme desde "Fargo" ("No Country for Old Men"); Alexander Sokúrov, pelo preciso embora ultranacionalista "Alexandra"; Wong Kar-wai, por reafirmar sua assinatura ao adentrar, ainda que irregularmente, o território hollywoodiano ("My Blueberry Nights").
Entre os jovens, o alemão de origem turca Fatih Akin, com "Auf der anderen Seite" (do outro lado), registrou o maior progresso (o prêmio de roteiro foi pouquíssimo), seguido pelo amadurecimento como diretor de Julian Schnabel em "Le Scaphandre et le Papillon" (o escafandro e a borboleta), um dos raros acertos do júri. A forte lista no papel não se confirmou na tela.
Entre os desgastados, Tarantino foi campeão de simpatia, mas "Prova de Morte" é o maior descarrilhamento de sua carreira. E Emir Kusturica esteve à beira da autoparódia com "Promise me This" (prometa-me isso), apesar das boas risadas.
Para finalizar, nunca antes os documentários mobilizaram tanta atenção em Cannes. O primeiro fim de semana foi marcado pela volta em grande estilo de Michael Moore com "Sicko" e pela militância ecológica de Leonardo DiCaprio com "11th Hour" (11ª hora).


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