|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
comentário
Palma é das mais medíocres da história
AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A CANNES
"4 Luni, 3 Saptamini si 2 Zile"
(4 meses, 3 semanas e 2 dias) se passa no
ocaso da brutal era Ceausescu na Romênia. Uma
estudante grávida se hospeda num hotel com uma
amiga para improvisar um
aborto. A acompanhante,
vivida por Anamaria Marinca, vale o ingresso.
O romeno Cristian
Mungiu filma em planos
longos e estáticos. No
mais, fez um filme manipulador, sensacionalista e
carola, com um dos closes
mais imorais dos últimos
tempos. É desde logo uma
das Palmas de Ouro mais
medíocres da história.
Não falta coerência nesta premiação. Para uma
disputa fraca, um vencedor idem. A forte lista no
papel de Cannes não se
confirmou na tela. A safra
esfriou a celebração dos
60 anos do festival.
Prêmios à parte, duas
apostas da curadoria se
confirmaram: fortalecer a
política dos autores e os
autores mais políticos.
Alguns poucos cineastas
renomados saem fortalecidos da disputa: os irmãos
Joel e Ethan Coen, com
seu melhor filme desde
"Fargo" ("No Country for
Old Men"); Alexander Sokúrov, pelo preciso embora ultranacionalista "Alexandra"; Wong Kar-wai,
por reafirmar sua assinatura ao adentrar, ainda
que irregularmente, o território hollywoodiano
("My Blueberry Nights").
Entre os jovens, o alemão de origem turca Fatih
Akin, com "Auf der anderen Seite" (do outro lado),
registrou o maior progresso (o prêmio de roteiro foi
pouquíssimo), seguido pelo amadurecimento como
diretor de Julian Schnabel
em "Le Scaphandre et le
Papillon" (o escafandro e a
borboleta), um dos raros
acertos do júri. A forte lista
no papel não se confirmou
na tela.
Entre os desgastados,
Tarantino foi campeão de
simpatia, mas "Prova de
Morte" é o maior descarrilhamento de sua carreira.
E Emir Kusturica esteve à
beira da autoparódia com
"Promise me This" (prometa-me isso), apesar das
boas risadas.
Para finalizar, nunca antes os documentários mobilizaram tanta atenção
em Cannes. O primeiro
fim de semana foi marcado pela volta em grande
estilo de Michael Moore
com "Sicko" e pela militância ecológica de Leonardo DiCaprio com "11th
Hour" (11ª hora).
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Mondo Cannes Índice
|