São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 2008

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contraponto

Especialista discorda e vê "progresso"

DA REPORTAGEM LOCAL

Em 2005, o então colunista da revista "Wired" Steven Johnson, um dos mais influentes pensadores do cyberespaço, causou tanta polêmica quanto Mark Bauerlein ao afirmar, em seu livro "Surpreendente" (Campus, 216 págs.), exatamente o inverso do que diz "The Dumbest Generation".
Também provocativo no título original ("Everything Bad Is Good for You", tudo o que é ruim é bom para você), o livro de Johnson considera que os games, a internet e a TV potencializam as faculdades cognitivas das pessoas, ao exigirem elaboração constante de raciocínio.
"O engajamento via internet toma um milhão de diferentes formas. Algumas são admiráveis, como a Wikipedia, os blogs políticos. Outras, como os chats e o MySpace, não diferem das trocas sociais que eu tinha na adolescência, pelo telefone", diz Johnson, 39, em entrevista à Folha, por e-mail, discordando de Bauerlein.
Johnson vê a considerada "perda de memória" como um aspecto natural, mas não acredita que "isso seja necessariamente uma coisa ruim". "Pode ser verdade que estejamos nos tornando mais dependentes de extensões on-line para nossos cérebros e nossa memória -simplesmente porque há muita informação disponível-, mas isso não é necessariamente uma coisa ruim. Estamos adaptando nossas habilidades à capacidade de lidar com essas informações", argumenta.
Ele acredita inclusive que esteja ocorrendo um "ligeiro declínio" na capacidade de estruturar argumentos extensos, mas avalia que o efeito seja minimizado por essas mesmas "novas habilidades".
O aumento do número de informações (e do acesso a elas) é um caminho natural na história, avalia. "Assim o progresso acontece. Uma das características das eras das trevas (e Eco deveria saber disso!) é o isolamento de informações entre grupos pequenos", alfineta. (RC)


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