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Eleição tem Martins como candidato único
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Hoje, o Conselho da Fundação Bienal escolhe o novo presidente da instituição e deve
eleger o empresário e colecionador Heitor Martins, 41, que é
candidato único.
A eleição tem início às 18h, a
portas fechadas. Segundo o estatuto da Bienal, o candidato é
eleito por maioria simples e votos por procuração são aceitos.
Não há quorum mínimo, e apenas na hora será decidido se o
voto será aberto ou fechado.
"Dificilmente outro candidato aparecerá. Heitor tem apoios
fortes e proposta inovadora.
Estou aqui há 20 anos e foi a
primeira vez que recebemos o
projeto de um candidato", disse
o arquiteto Miguel Pereira, presidente do Conselho, à Folha.
Martins é casado com Fernanda Feitosa, criadora e diretora da SP Arte, que ocorre
anualmente no pavilhão da
Bienal, o que fez com que tal
relação fosse analisada pelo
presidente do Conselho: "Consultei os juristas [e conselheiros] da Bienal, Carlos Bandeiras Lins e Manoel Whitaker Salles. Eles não veem problemas,
o contrato da feira é anterior à
eleição do novo presidente".
Tal consulta foi motivada
pois o atual presidente, Manoel
Francisco Pires da Costa, chegou a contratar sua mulher para cuidar do paisagismo do prédio, ação considerada irregular
pelo estatuto. Pires da Costa
teve de firmar um Termo de
Ajustamento de Conduta com
o Ministério Público, em 2007.
Segundo o documento, "a
Fundação e seu presidente
obrigam-se a não mais firmar
qualquer tipo de contratação,
direta ou indireta, com Diretores, Conselheiros e parentes
destes até o 3º grau".
"A SP Arte já tem cinco anos,
e a relação com a Bienal é clara
e pré-definida. Como é um fato
que me antecede, não há problema", disse Martins. A Folha
procurou o Ministério Público
Estadual, ontem e anteontem,
para saber se há algum problema na relação de Feitosa com a
Bienal, mas não teve resposta.
Martins possui ainda vínculo
com o mercado: "Sou colecionador e colecionar não é só
acumular. Vender obras para
adquirir outras é uma forma de
manter a coleção viva, de reciclar o acervo", justifica ele.
Em carta aos conselheiros, o
candidato propôs que sua posse ocorra em até 60 dias, após
um período de gestão compartilhada, na qual as contas da
Bienal tenham uma sensível
melhora -as dívidas estão em
cerca de R$ 4 milhões.
"O estatuto já propõe que a
posse ocorra em até 60 dias",
disse Pereira. Segundo a Folha
apurou, além do ministro da
Cultura Juca Ferreira, Martins
encontrou-se ontem também
com o secretário municipal de
Cultura, Carlos Augusto Calil.
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