RICARDO CALIL
CRÍTICO DA FOLHA

O tema central de "Sex and the City 2" é o casamento e suas crises. Mas o tema subjacente -que faz o produto parecer às vezes um filme de horror- é o envelhecimento.
Como manter o glamour e a pele diante da passagem do tempo, esse solvente universal? É a pergunta que Samantha faz e que assombra todas as protagonistas do filme. A resposta mais imediata está na cara: botox, reposição hormonal. Mas a solução eficaz é o humor, a capacidade de rir do mundo e de si.
É o humor mais chulo -piadas sobre pintos e peitos- que salva a série e esse segundo longa (no geral, bem superior ao primeiro).
Por trás da atitude sexual supostamente libertária (e da defesa do consumismo e da superioridade americana), a série reforça o conservadorismo dos contos de fada. Mas promove uma libertação real: a possibilidade de as mulheres se assumirem às vezes como seres banais, desbocados, fanfarrões.