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Salsicha + mostarda
A convite da Folha uma chef, um salsicheiro e uma professora apontam as melhores combinações dos dois ingredientes
JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL
A proposta é simples: compre
diferentes tipos de salsichas e
uma boa variedade de mostardas. Dispense pão ou qualquer
outro acompanhamento. Concentre-se apenas nos dois ingredientes e experimente todas
as combinações possíveis.
Foi justamente esse o desafio
proposto pela Folha à chef Renata Braune, do Le Chef Rouge,
a Diethelm Maidlinger, proprietário do restaurante alemão Bierquelle, e a Michele
Bunemer, professora de gastronomia do Senac.
Na última semana os três degustaram, às cegas, nove tipos
de salsichas produzidas no Brasil e sete mostardas (quatro nacionais e três importadas) para
sugerir as melhores combinações.
De ascendência alemã, a chef
Renata Braune defende que a
harmonização de salsichas
com mostardas deve ser feita
pelo contraste (um sabor forte
com outro suave), ou por afinidade (uma salsicha picante
com uma mostarda igualmente
picante), tal como ocorre na
enogastronomia. "O mais importante na mostarda é o vinagre. É ele quem faz a diferença.
O francês faz boas mostardas
porque tem um bom vinagre",
diz a chef, que criou um menu
com mostardas de Dijon servido no Chef Rouge até o dia 8.
Para Diethelm Maidlinger,
um tcheco criado na Alemanha, mostarda boa é mostarda
picante (sempre!), com muita
raiz-forte. Não à toa, além das
marcas comerciais (mais suaves) que deixa sobre as mesas
de seu restaurante, dispõe ainda de uma de fabricação artesanal bem picante. "É uma questão de preferência. Eu sempre
gosto das mostardas mais fortes. Minha filha foi viajar e me
trouxe quatro tipos diferentes.
A normal, a forte, a extra-forte
e a doce. A extra-forte foi a primeira a acabar", diz Maidlinger, que serve no Bierquelle
nove tipos de salsichas de fabricação própria.
Sem saber quais eram os tipos ou as marcas de salsichas e
mostardas degustadas, os convidados se surpreenderam no
final da prova ao descobrir que
a mostarda "sete", recomendada em algumas combinações,
era a Heinz. "Eu tinha um pouco de preconceito. A gente
sempre acaba procurando
mostardas francesas e alemãs,
nunca uma americana", diz a
professora Michele Bunemer.
Teste de paladar
As salsichas que ficaram fora
da lista de recomendações não
agradaram por fatores como
falta de tempero (Debreziner,
da Eder, e branca condimentada, da Frigor Hans) e sabor enjoativo (Viena, da Frigor Hans,
e Nürenberg, da Eder).
"Trabalhamos com as receitas originais. A Nürenberg, por
exemplo, não pode ser seca.
Tem que ter um pouco de teor
de gordura", diz Adriano Olmeda, diretor da Eder Santo Amaro. "Quem gosta de salsicha
mais suave, deve optar pela de
vitelo. A Nürenberg é para
quem prefere uma salsicha
mais forte e condimentada."
Para a diretora de marketing
da Frigor Hans, Isabella
Schnell, cada produto tem uma
característica e, por isso, nem
sempre agrada a todos os paladares. "[Gostar ou não do sabor
de uma salsicha] é muito relativo. O que é enjoativo?"
"Nossa filosofia é não exagerar no tempero porque o sabor
deve ser da mistura da carne e
do processo, como a defumação, complementado, eventualmente, pelo sabor de uma mostarda", diz Peter Häfeli, diretor-executivo da Berna.
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