São Paulo, Segunda-feira, 28 de Junho de 1999
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RELÂMPAGOS
Porto Alegre

JOÃO GILBERTO NOLL Vapores do frio saíam da minha boca. Abri o portão maldizendo o ruído do cascalho que eu deveria percorrer ao me dirigir para a primeira aula de canto. A mão gelada, quando bati na porta, emitiu uma dor de osso desencapado. Uma criança negra abriu. Perfilei-me ao lado do piano. E a professora? Eu só via uma quantidade impressionante de frascos de remédios sobre a mesa. Escutei uma tosse. E ela então apareceu num robe que me deixava entrever uma brancura extremada, a cicatriz rosada, parecendo recente, no peito que eu diria levemente arfante. Lembro que tonteei, fulminantemente incrédulo diante do meu destino de cantor.


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