São Paulo, quarta-feira, 28 de julho de 2004

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ANÁLISE

Cultura conquista espaço na agenda social

ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Sinal dos tempos. A cultura, ainda hoje relegada ao último lugar nas edições diárias dos telejornais e páginas da imprensa escrita, vem ganhando atenção dos economistas e funcionários de agências internacionais, no Brasil e no mundo.
O Ministério da Cultura, visível e ativo, se prepara para mexer na Lei Rouanet. O ministro Gilberto Gil posiciona-se a favor da criação de mecanismos de estímulo a conteúdos nacionais.
Fala-se em desigualdade de acesso aos bens culturais como uma variável relevante na avaliação dos índices de qualidade de vida. A 11ª Conferência da Unctad debateu o empreendimento cultural em indústrias criativas. O Fórum Cultural Mundial definiu a cultura como área estratégica. Por último, a divulgação, pela ONU, de mais um relatório do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) incrementou a discussão sobre inclusão cultural.
A TV aparece nesse relatório em posição de destaque, como parte do diagnóstico da desigualdade social brasileira.
Embora o crescimento recente do cinema brasileiro tenha sido citado no relatório como exemplo de política de "ação afirmativa" a ser seguida em outros países, os dados confirmam aquilo que já se sabia: o cinema ainda é visto por uma parcela muito restrita da população.
Contingentes significativos da população brasileira, em geral com menos escolaridade, estão conectados ao mundo pela TV. Ela adquiriu no Brasil um papel estratégico no desenvolvimento. Por isso, é espantoso que não haja regulação sobre conteúdos televisivos no Brasil.
A economia do planeta se revela terreno minado por uma espécie de crise permanente, que dificulta o crescimento sustentado, e aprofunda o fosso entre ricos e pobres. A cultura emerge como terreno promissor. A TV poderia inspirar ações transformadoras do atual panorama de discriminação cultural.


Esther Hamburger é antropóloga e professora da ECA-USP


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