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ANÁLISE
Cultura conquista espaço na agenda social
ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA
Sinal dos tempos. A cultura,
ainda hoje relegada ao último
lugar nas edições diárias dos telejornais e páginas da imprensa escrita, vem ganhando atenção dos
economistas e funcionários de
agências internacionais, no Brasil
e no mundo.
O Ministério da Cultura, visível
e ativo, se prepara para mexer na
Lei Rouanet. O ministro Gilberto
Gil posiciona-se a favor da criação
de mecanismos de estímulo a
conteúdos nacionais.
Fala-se em desigualdade de
acesso aos bens culturais como
uma variável relevante na avaliação dos índices de qualidade de
vida. A 11ª Conferência da Unctad
debateu o empreendimento cultural em indústrias criativas. O
Fórum Cultural Mundial definiu
a cultura como área estratégica.
Por último, a divulgação, pela
ONU, de mais um relatório do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) incrementou a discussão sobre inclusão cultural.
A TV aparece nesse relatório em
posição de destaque, como parte
do diagnóstico da desigualdade
social brasileira.
Embora o crescimento recente
do cinema brasileiro tenha sido
citado no relatório como exemplo
de política de "ação afirmativa" a
ser seguida em outros países, os
dados confirmam aquilo que já se
sabia: o cinema ainda é visto por
uma parcela muito restrita da população.
Contingentes significativos da
população brasileira, em geral
com menos escolaridade, estão
conectados ao mundo pela TV.
Ela adquiriu no Brasil um papel
estratégico no desenvolvimento.
Por isso, é espantoso que não haja
regulação sobre conteúdos televisivos no Brasil.
A economia do planeta se revela
terreno minado por uma espécie
de crise permanente, que dificulta
o crescimento sustentado, e aprofunda o fosso entre ricos e pobres.
A cultura emerge como terreno
promissor. A TV poderia inspirar
ações transformadoras do atual
panorama de discriminação cultural.
Esther Hamburger é antropóloga e
professora da ECA-USP
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