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Mercado de livro cresce e pressiona por profissionalização das editoras
Aumento de vendas e faturamento reflete incremento da competição; Ediouro, que pretende abrir capital, lidera aquisições
Marcelo Nogare/Folha Imagem
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Paulo Rocco, que dirige o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) |
MARCOS STRECKER
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Depois de uma década de incertezas, o mercado editorial
dá sinais de ter voltado a crescer de maneira mais firme. É o
que vai revelar a mais recente
pesquisa conjunta do Snel (Sindicato Nacional dos Editores de
Livros) e da CBL (Câmara Brasileira do Livro), a ser divulgada
nos próximos dias. Alguns números do levantamento foram
adiantados à Folha por Paulo
Rocco, presidente do sindicato
que reúne editoras do país.
A pesquisa aponta um aumento do faturamento total
das empresas de R$ 2,572 bilhões para um número próximo de R$ 3 bilhões, que reflete
também um aumento das aquisições por programas governamentais. Mas o aumento foi de
fato "puxado" pelo mercado.
Em obras gerais (excluindo didáticos, religiosos e técnicos),
houve um acréscimo de 9,51%
no faturamento e um aumento
no número de exemplares vendidos de 4,68%.
Os números refletem a intensa movimentação da área.
Depois da onda "das espanholas" (a entrada dos grupos Planeta e Santillana/Prisa), no começo dos anos 2000, agora o
mercado vem sendo sacudido
pela compra e fusões de editoras, movimento que é impulsionado pela Ediouro.
Esse grupo brasileiro, fundado em 1939, tem liderado um
processo agressivo de aquisições, preparando-se para entrar na bolsa de valores. Só neste ano, fechou a aquisição da
Nova Fronteira, fez uma associação com a Nova Aguilar e
negocia agora a compra dos selos Arx, Futura e Caramelo, da
Siciliano. O último lance desse
processo teria sido a entrada na
Ediouro da Governança & Gestão Investimentos, administradora de fundos de "private
equity" de Antonio Kandir.
Luiz Fernando Pedroso, diretor-superintendente da Ediouro, confirma a participação de
Kandir no conselho editorial
do grupo, mas nega que tenha
havido mudança na sociedade.
O acirramento da competição no mercado de livros força
a profissionalização das editoras. Ainda marcado pela tradição de empresas familiares e
pela falta de transparência, o
setor amadureceu a ponto de
comportar empresas em bolsa?
Pedroso diz que para isso "as
editoras têm de aumentar de
tamanho [escala], profissionalizar-se e implementar um ambiente de "melhores práticas" e
inovação". Paulo Rocco acha
que a opção da Ediouro é um
caso isolado e não enxerga concentração, considerando que a
compra e fusão nesse segmento "sempre existiu".
Roberto Feith, da Objetiva,
que representa o grupo Santillana/Prisa, lembra que países
mais ricos passaram pela concentração. "Não digo que isso
vai ocorrer aqui, mas é uma
tendência". A Objetiva tem evitado os leilões cada vez mais
caros das "promessas de best-sellers" e aposta no crescimento de longo prazo.
Investiu no selo Alfaguara,
para literatura de qualidade, e
prepara o lançamento de dois
selos, um de auto-ajuda e outro
de livros de bolso -outra tendência no mercado, já seguida
pela L&PM e pela Companhia
das Letras, e que também terá a
entrada agressiva da Record
em setembro.
"Concentração do mercado
ou abertura de capital em bolsa
não têm a ver com profissionalização", diz Luciana Villas-Boas, diretora editorial da Record. "O que tem a ver com a
profissionalização é a concorrência, que obriga o proprietário ou os sócios do empreendimento a contratar executivos
que conheçam o livro como
produto e como bem simbólico, que conheçam o negócio.
Nem residualmente sobrevive
hoje aquele editor que só publica suas próprias preferências e
acha que o marketing conspurca o livro", diz.
Para Villas-Boas, "a economia está em um bom momento, e setores da classe média
acabam o mês com um pouco
mais de dinheiro no bolso".
Além disso, "o dólar baixo diminui agradavelmente o custo
de insumos fundamentais, como o papel e o direito autoral
do livro traduzido".
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