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LIVROS
Editoras familiares lutam por renovação
Sextante foi fundada pelo filho de José Olympio e já vendeu mais de 1,4 milhão de exemplares de "O Código Da Vinci"
"Escreveram uma vez que éramos uma editora nova para não-leitores. Recebemos isso como um elogio", diz Marcos Pereira
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
A saída de Carlos Augusto
Lacerda da Nova Fronteira, no
início deste ano, é um lance
simbólico dentro de um setor
marcado tradicionalmente pelas "dinastias" familiares. A editora fundada em 1965 pelo seu
avô, o político Carlos Lacerda,
agora pertence à Ediouro.
Enquanto editoras tradicionais se profissionalizam ou são
"engolidas" por grupos maiores, afastando famílias tradicionais do mercado, outras conseguiram se reinventar e hoje
ocupam um espaço crescente.
O exemplo mais vistoso desse "renascimento" é a Sextante,
"pequena grande editora" fundada em 1998 que provocou
uma reviravolta no segmento
de auto-ajuda. Dos 30 livros da
lista de mais vendidos da Folha
desta semana, incluindo ficção
e não-ficção, sete são da Sextante. O sucesso não veio por
acaso. Dr. Geraldo (Geraldo
Jordão Pereira), o patriarca da
editora, é filho de José Olympio, um dos nomes formadores
do mercado brasileiro.
Depois de se endividar, a tradicional José Olympio acabou
absorvida pela Record. Dr. Geraldo tentou nos anos 90 investir no mercado infanto-juvenil,
com o selo Salamandra (atualmente abrigada no grupo Objetiva/Santillana), mas também
precisou abrir mão do sonho de
uma casa editorial focada em
crianças, uma novidade.
O recomeço em novas bases,
com os filhos Marcos e Tomás
e com a mulher Regina, foi a
grande mudança. A Sextante
nasceu como uma proposta radical que levou à fama de "toque de Midas" da família.
O mais famoso best-seller da
casa é "O Código Da Vinci", que
já vendeu 1,333 milhão de
exemplares (1,477 milhão, levando em conta a edição ilustrada). E isso mesmo com o
"sucesso desastroso" do filme
com Tom Hanks, que "matou"
o fenômeno editorial (depois
da adaptação, as vendas do livro de Dan Brown despencaram em todo o mundo). Outro
sucesso da casa, "O Monge e o
Executivo", completa na próxima semana a marca de 1,5 milhão de exemplares vendidos.
A família Pereira leva a sério
idéias como universalidade.
"Escreveram uma vez que éramos uma editora nova para
não-leitores. Recebemos isso
como um elogio", diz Marcos
Pereira. Para ele, "todos os livros têm de ser acessíveis em
matéria de preço e em facilidade de leitura".
O sucesso não veio apenas
por uma visão particular de
mercado. A família, que trabalha junto, acredita e se empolga
com todos os livros que edita.
Eles são lidos e discutidos por
todos. E só se investe em livros
que empolgam e convencem.
Tomás Pereira dá o tom que
marcou nova proposta: "Nossa
idéia é discutir espiritualidade,
não necessariamente religião".
A formatação para a editora,
explica, surgiu com o livro
"Uma Ética para o Novo Milênio", do Dalai Lama. "Nesse livro ele faz bem essa distinção
entre religião e espiritualidade.
Isso nos guiou", diz.
(MARCOS STRECKER)
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