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LIVROS
Zahar cresce mantendo velhos hábitos
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
A "química familiar" também funcionou para a família Zahar, que dirige uma das
editoras mais tradicionais do
mercado, com origem nos
anos 50. Ana Cristina Zahar,
filha do patriarca Jorge Zahar (1920-1998), lembra-se
da época em que "todos os
editores eram amigos, havia
ética e existia espaço para
todos".
Ela dirige com a filha Mariana a editora no mesmo
prédio que há décadas abriga
a casa pioneira em livros de
ciências sociais no Brasil, no
centro da cidade, com vista
para o Aterro do Flamengo e
a baía da Guanabara. Hábitos
antigos, como o almoço conjunto com todos os funcionários no terraço do edifício,
continuam sagrados. "Agora,
como cresceu, precisamos
fazer o almoço em dois turnos", diz Mariana.
"Na França não existem
mais empresas familiares no
mundo editorial. Na Argentina acabou completamente",
diz Cristina. A Zahar soube
modernizar a sua proposta
editorial, baseada em títulos
de não-ficção. Apostas em
segmentos como arqueologia, em que poucos se aventuram, têm dado certo. O investimento no "catálogo de
fundo", livros já lançados há
muito tempo, também é
apontado por Mariana Zahar
como um dos segredos do sucesso da editora.
Muitas empresas se concentram nos novos lançamentos, buscam um novo
best-seller e tendem a relegar a sua lista de livros já lançados. Roberto Feith, da Objetiva, por exemplo, lembra
que os editores que compraram o "novo best-seller"
sempre fizeram a aquisição
sem saber que estavam levando um novo sucesso.
O segredo de uma casa como a Zahar, segundo Mariana, "é manter o equilíbrio entre a inovação e a valorização
do catálogo". "Editora hoje
virou um negócio de descobridores de "hits'", brinca
Mariana. Além de pioneira, a
Zahar virou na década de 70
a grande referência em humanidades e era apontada
pelos órgãos de repressão como a grande referência para
os estudantes. "Meu pai sempre me dizia que o que o editor precisa ter é sensibilidade com o fenômeno cultural,
procuramos manter isso",
diz Cristina.
A morte do fundador provocou dúvidas sobre o futuro
da editora. Mas isso é passado, e a volta por cima pode
ser traduzida em números.
Segundo Mariana, desde
1998 houve um aumento de
352% no faturamento, já
descontada a inflação. A Zahar também influenciou outros editores. O velho Jorge
Zahar foi uma espécie de padrinho de Luiz Schwarcz, da
Companhia das Letras, que
até hoje mantém um acordo
comercial de distribuição
com a Zahar.
(MS)
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