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ANÁLISE
Coreógrafo deu liberdade para a arte
RODRIGO PEDERNEIRAS
ESPECIAL PARA A FOLHA
Merce Cunningham foi
o nome que mudou
tudo na dança no século passado. O coreógrafo foi o
responsável por criar a ponte
entre a dança moderna e a contemporânea, levando em frente, de uma maneira diferente, o
que a bailarina Martha Graham
(1894-1991) havia iniciado na
primeira metade do século.
Se Graham criou a técnica e
estruturou um método didático para a dança moderna, trabalhando muito a partir da mitologia grega, Cunningham teve o mérito de ir além de uma
metodologia e de permitir à
dança uma liberdade muito
maior, trombando de frente
com regras e conceitos mais ou
menos estabelecidos.
Cunningham abriu as comportas para a liberdade na dança. Ele não via, por exemplo, a
necessidade de se contar uma
história a partir das coreografias, algo que perdurava desde o
balé clássico.
Para o coreógrafo, os movimentos não precisavam ter
uma finalidade ou uma explicação. E experimentava de tudo.
Foi provavelmente o criador de
dança que mais ousou na história, levando a ela, inclusive, a
possibilidade de explorar novas
mídias. Entre outras coisas,
conduziu elementos do vídeo
para dentro das coreografias.
Mas foi a parceria com o
compositor John Cage (1912-1992), seu companheiro de vida
e de trabalho, a responsável pela maior inovação na obra de
Cunningham. Juntos, os dois
levaram o silêncio para a dança
e reviraram tudo para criar
uma nova ordem.
É possível dizer que hoje, na
dança contemporânea, não
exista ninguém que não tenha
sido, de certa forma, influenciado por Merce Cunningham.
RODRIGO PEDERNEIRAS , 54, é coreógrafo do
Grupo Corpo.
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