São Paulo, quinta-feira, 28 de julho de 2011

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China adia 'Harry Potter' para turbinar blockbuster estatal

Superprodução sobre fundação do Partido Comunista sucumbe a 'Transformers 3' em seu próprio mercado

Estratégia para inflar bilheteria também inclui subsídio de ingressos para os funcionários de estatais

NATÁLIA PAIVA
DE SÃO PAULO

Na China, os robôs de "Transformers 3" derrotaram o Partido Comunista.
Tanto o filme de Michael Bay como o último da franquia "Harry Potter" tiveram estreias adiadas para favorecer o épico "Início do Grande Renascimento", financiado pelo governo para comemorar os 90 anos do partido.
Mas, mesmo com três semanas de atraso, "Transformers 3" faturou em quatro dias mais do que "Início..." conseguiu em seis semanas e muitos esforços estatais.
Além de adiar os filmes estrangeiros (são permitidos só 20 ao ano na China), o governo subsidiou ingressos para funcionários de estatais e bloqueou páginas desfavoráveis em sites de cotação de filmes.
O longa de Huang Jianxin e Han Sanping segue tendência recente de superproduções históricas apoiadas pelo governo para aproveitar o boom da indústria cinematográfica e faturar politicamente. Como "A Fundação da República" (2009), também da dupla, e "Confucius" (2010).
"Avatar" chegou a ser tirado de metade das salas de cinema para dar mais espaço para este último. Mas o público ficou tão chateado que, após duas semanas, o filme de James Cameron voltou.
"Você pode controlar o sistema e todos os incentivos, mas, no fim, as pessoas vão simplesmente assistir ao que elas querem", diz Kevin Lee, vice-presidente de programação da dGenerate Films, distribuidora de filmes independentes chineses nos EUA. Daí a distância entre desejo e realidade: em seis semanas, a venda de ingressos de "Início..." (US$ 55,6 milhões, cerca de R$ 86,6 milhões) não chegou à metade do desejado pelo governo ""e é pouco provável que o faça agora.

CRÍTICAS
No microblog Sina Weibo (o Twitter é bloqueado na China), "as pessoas criticaram o filme o tanto que puderam", relata Shelly Kraicer, especialista em cinema chinês baseada em Pequim. "O governo ainda tem muita influência, mas em dizer o que não pode ser filmado. O poder de direcionar filmes e público está desaparecendo", completa.
O protecionismo, pontua Lee, mira a rentabilidade de um mercado que caminha para ser o maior do mundo. Impulsionada pelo fortalecimento da classe média, a indústria de exibição faturou US$ 1,58 bilhão (R$ 2,46 bi) na China em 2010, 64% mais que em 2009. Mas o valor é só metade do previsto pela consultoria Entgroup para 2012, quando o número de salas será de 11.800, o dobro de hoje.


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