São Paulo, domingo, 28 de agosto de 2005

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MÔNICA BERGAMO

Relações maiores entre brasileiros e chineses fazem surgir em SP um curso como o "antigafes" cultural

Negócio da China

Fernando Moraes/Folha Imagem
Chinês de Qingdao, Paul Liu vive no Brasil há 45 anos e dá curso "antigafes" que tenta aproximar brasileiros de chineses


Ponto 1: estima-se que o comércio bilateral entre China e Brasil possa chegar aos US$ 12 bilhões (cerca de R$ 28 bilhões) no fim deste ano, número US$ 3 bilhões acima do montante registrado em 2004. Ponto 2: somente no consulado de SP, o número de vistos concedidos a brasileiros saltou de 5.000 em 2003 para 10.000 no ano seguinte.
 
As relações entre brasileiros e chineses estão esquentando, com visitas regulares de turistas e missões empresariais de ambos os países interessados em passeios e, principalmente, negócios. Para que o contato entre pessoas de culturas tão distintas não azede, a Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico (CBCDE) desenvolveu um curso que é uma espécie de "cartilha antigafes".
 
O curso, que abre nova turma na semana que vem, ensina desde a maneira correta de pronunciar o mandarim até o presente certo a dar a um anfitrião local. Chinês de Qingdao, Paul Liu, 55, está à frente das aulas. Ele vive no Brasil desde os dez anos, quando desembarcou com a família e a aspiração que move a maior parte dos imigrantes que vêm do continente asiático: trabalhar no campo para, em seguida, virar comerciante.
 
Hoje engenheiro civil, Liu -casado, dois filhos-é presidente-executivo da CBCDE e, de certa maneira, aperfeiçoou a aspiração familiar. Na sede da empresa, um sobrado na Vila Madalena, em SP, ele planeja feiras, seminários e cursos teóricos para aproximar empresários chineses e brasileiros.
 
O público das aulas é formado basicamente por gerentes de marketing ou de comércio exterior, além de estudantes, agentes de viagens e supervisores de hospedagem. "Acho que, no momento, tanto chineses quanto brasileiros fazem visitas mútuas de sondagem. Os chineses conheceram a Europa, os EUA e agora quem entender o que é o Brasil", afirma.
 
O engenheiro diz que o comércio bilateral cresceu, mas pondera que fechar negócios exige tempo, fato com o qual a maioria dos brasileiros não está acostumada. "O que eu sei é que os chineses vêem o Brasil com bons olhos: encantam-se com o futebol, a beleza. Podemos considerar que é um bom começo."


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