São Paulo, quinta-feira, 28 de agosto de 2008

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Irmãos Coen voltam à boa forma com humor negro

Ethan diz que criou filme pensando em Clooney e Pitt

IVAN FINOTTI
ENVIADO ESPECIAL A VENEZA

Dez anos depois de lançarem sua última boa comédia, os irmãos Coen voltam à boa forma do humor negro com "Queime Depois de Ler". O filme, que teve estréia mundial ontem, no Festival de Veneza, chega ao Brasil em 28 de novembro.
Desde "O Grande Lebowski" (1998), a dupla patinava em comédias românticas ("O Amor Custa Caro") ou simplesmente sem graça ("Matadores de Velhinhas"), apesar de ter acertado a mão em produções mais violentas (como "O Homem que Não Estava Lá" e "Onde os Fracos Não Têm Vez").
Agora, voltamos ao terreno árido de "Fargo" (1996), no qual idiotas colocam em andamento engrenagens desconhecidas, sem ter idéia das conseqüências. Os manés são Frances McDormand, Brad Pitt e George Clooney.
Os dois primeiros são impagáveis funcionários de uma academia de ginástica que colocam as mãos em documentos de um ex-agente da CIA (John Malkovich; ótimo, como sempre). Pensando numa possível recompensa, eles se envolvem numa rede de intrigas que inclui a mulher do ex-agente (Tilda Swinton) e seu dócil amante (Clooney, repetindo a dobradinha de "Conduta de Risco").
É difícil dizer quem faz mais bobagens no andamento da história. O personagem de Pitt é completamente desmiolado, o de McDormand só quer saber de fazer quatro cirurgias plásticas, e o de Clooney passa as noites construindo uma máquina incrível (e secreta, por enquanto) no porão. Mas, sendo um filme dos Coen, é só sentar e esperar o banho de sangue, com direito a machadinhas.

Mau humor
A exibição de ontem foi seguida de uma entrevista coletiva para 300 jornalistas, com Joel e Ethan Coen, Clooney, Pitt, McDormand e Swinton.
Ethan Coen disse que escreveu o filme pensando nesses atores. "Não sei se deveria ficar lisonjeado ou me sentir insultado por isso", disse Brad Pitt, de chapéu de palha, na única brincadeira que fez. No mais, predominou o seu mau humor. Impaciente com perguntas pessoais, deixou de responder várias vezes e foi monossilábico quando abriu a boca.
Clooney foi mais tolerante com perguntas do tipo "Você quer casar e ter filhos?" ("Sim, hoje mesmo, em Veneza", respondeu) e falou da produção. "Gosto de interpretar o idiota", resumiu. "E não é nada ruim ser idiota", filosofou Joel Coen.
Tilda Swinton contou que, apesar de algumas frases parecerem improvisadas, não há espaço para isso com os Coen. "Afinal, são ótimos escritores."
Frances McDormand, que é casada com Joel Coen, não se preocupou em ser legal: "Sempre que começo a improvisar, eles dizem: "Pare!'".
E lá sei foi a meia hora de coletiva. Ao final, uma vergonhosa participação da imprensa mundial: dezenas de repórteres correram para pedir autógrafos. A segurança precisou comparecer para que os norte-americanos não fossem tragados.


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