São Paulo, domingo, 28 de agosto de 2011

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DiCaprio vive chefe do FBI em novo filme

Longa de Clint Eastwood exibe trajetória de J. Edgar Hoover, que comandou por décadas a polícia federal dos EUA

Ele foi acusado de práticas ilegais e perseguição a ativistas; dizia-se que era gay e que se vestia de mulher

DE LOS ANGELES

J. Edgar Hoover (1895-1972) foi, durante décadas, o homem da lei mais temido dos EUA. Ajudou a fundar a polícia federal americana, o FBI, em 1935, dirigiu-a até morrer e fechou o cerco contra criminosos de todo o país.
No final da vida, a fama acabou manchada: foi acusado de usar práticas ilegais e de perseguir ativistas dos direitos civis, como Martin Luther King (1929-1968). Além disso, diziam que se vestia de mulher, participava de orgias e era homossexual.
Leonardo DiCaprio, 36, interpreta Hoover no novo filme de Clint Eastwood, "J. Edgar", com estreia prevista para novembro nos EUA. Mas o ator avisa que não haverá nada de espalhafatoso no perfil do personagem.
"Hoover passou grande parte da vida combatendo essa imagem de que se vestia de mulher. Foi um rumor que cresceu e virou verdade. Mas não era", disse DiCaprio à Folha, nos estúdios da Warner em Los Angeles.
Antes de se envolver com o filme, até o ator acreditava na história. "Agora, se ele era homossexual, não há uma prova definitiva."
A prova tampouco virá do filme, ainda que ele seja focado justamente na relação entre Hoover e Clyde Tolson, um diretor do FBI que foi o único herdeiro de Hoover e está enterrado ao seu lado. Quem interpreta Clyde no filme é o ator-galã Armie Hammer, de "A Rede Social".
"Os dois passavam férias juntos, jantavam todas as noites e chegaram até a morar juntos numa época.
Então, há óbvias conexões", continuou o ator, deixando entender que caberá ao público tirar suas próprias conclusões.
No elenco, estão também Naomi Watts (no papel da secretária de Hoover) e Judi Dench (mãe dele). DiCaprio, que encarnou o magnata Howard Hughes em "O Aviador", diz ter "fascinação" por papéis históricos.
"O que mais me agrada nesse trabalho é entrar na cabeça dos personagens. É muito mais fácil do que ter de criar tudo sozinho", disse. "O que acontece na vida é bem mais surreal do que qualquer escritor poderia imaginar."
O roteiro é de Dustin Lance Black, o mesmo de "Milk - A Voz da Igualdade", filme sobre um ativista gay que faturou dois Oscars: roteiro original e ator (Sean Penn).

METAMORFOSE
"J. Edgar" conta a história de Hoover desde a adolescência até a velhice: DiCaprio passa por transformações com a ajuda de maquiagem pesada e próteses. Ele definiu a experiência como "bem claustrofóbica". "Muda o seu jeito de se mexer", disse.
Outro desafio do ator foi entrar no ritmo de filmagens de Eastwood, 81 ("bastante instintivo"). O diretor é conhecido por não fazer ensaios e por gravar a mesma cena o mínimo de vezes possível.
"Foram filmagens bem rápidas, e eu tinha muitos diálogos", lembrou DiCaprio, acrescentando que Eastwood, objetivo ao máximo, não é dado a elogios.
"Na mesma semana, filmava cenas em que eu tinha 19 anos e outras em que estava com 74, pulando de cenário em cenário o tempo todo. Foi como preparar uma produção de teatro!" (FERNANDA EZABELLA)


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