São Paulo, quinta-feira, 28 de setembro de 2006

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Psicóloga troca divã por baile funk

Com perfil diferente dos colegas de palco, Tatiana Gomes faz sucesso com a dupla A Princesa e o Plebeu

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Mãe, psicóloga formada pela PUC-RJ com pós-graduação em terapia de família pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), nascida e criada num bairro de classe média alta, reduto de boêmios e intelectuais do Rio.
Com um perfil totalmente diferente dos de seus companheiros de palco, Tatiana Gomes, 26, fechou há um ano o seu consultório para realizar um ""outro" sonho. Para espanto da família, a mãe de dois filhos decidiu virar funkeira. Hoje, a cantora, que cresceu na Gávea, é a nova sensação do mundo do funk carioca. Ao lado de Rafael Lima, 21, ela forma a dupla A Princesa e o Plebeu, sucesso nas rádios e bailes da cidade.
""Estou adorando. Me divirto e ainda estou ganhando muito mais dinheiro do que na época de consultório", disse Tatiana, dona de um corpo malhado em horas diárias de academia.
Neste final de semana, ela e seu parceiro começaram a curtir o sucesso fora da cidade. Eles cantaram numa boate da zona leste de São Paulo.
Os dois já ganharam o apoio da fábrica de fazer sucessos do funk carioca, o DJ Malboro. A música ""Essa Garota" foi incluída no Funk Mix, novo CD do DJ.
Apesar do susto inicial da família, a cantora disse que não enfrentou preconceito para ser aceita no mundo funk. ""Nunca vi cara feia nos clubes nem nas comunidades".

Demorou...
""Acho ótimo que isso aconteça... demorou...", disse por e-mail o antropólogo Hermano Vianna, que aprova a iniciativa da psicóloga de virar funkeira. Vianna, um dos primeiros no mundo acadêmico a pesquisar o funk, ainda nos anos 80, acha ""saudável" a participação de jovens de classe média no gênero.
""Como eu não gosto de guetos, e gosto muito de mediadores, acho saudável que isso aconteça cada vez mais, para novas idéias circularem no ambiente do funk".
Se por um lado Tatiana não teve grandes barreiras em sua incursão no funk, Lima, seu parceiro na música, disse que teve dificuldades para formar a dupla. ""O pessoal da minha área ficava dizendo que ela não tinha nada a ver com o funk. Foi bem difícil", afirmou ""o Plebeu", que antes de virar funkeiro tentou a carreira de jogador de futebol em clubes como Mesquita e Friburguense.
Mesmo sem ter pensado em subir no palco, Tatiana sempre gostou do ritmo, que, como diz o refrão de um dos sucessos do gênero, é ""som de preto, de favelado, mas quando toca, ninguém fica parado".
""O meu irmão gostava de ficar no Baixo Gávea. Já eu curtia subir o Chapéu Mangueira [favela do Leme] para dançar um funk na adolescência", afirmou Tatiana, que em dezembro inicia com o parceiro a carreira internacional. A dupla já têm dois shows marcados nos Estados Unidos.


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