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Psicóloga troca divã por baile funk
Com perfil diferente dos colegas de palco, Tatiana Gomes faz sucesso com a dupla A Princesa e o Plebeu
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Mãe, psicóloga formada pela
PUC-RJ com pós-graduação
em terapia de família pela
UFRJ (Universidade Federal
do Rio de Janeiro), nascida e
criada num bairro de classe
média alta, reduto de boêmios e
intelectuais do Rio.
Com um perfil totalmente diferente dos de seus companheiros de palco, Tatiana Gomes,
26, fechou há um ano o seu consultório para realizar um ""outro" sonho. Para espanto da família, a mãe de dois filhos decidiu virar funkeira. Hoje, a cantora, que cresceu na Gávea, é a
nova sensação do mundo do
funk carioca. Ao lado de Rafael
Lima, 21, ela forma a dupla A
Princesa e o Plebeu, sucesso
nas rádios e bailes da cidade.
""Estou adorando. Me divirto
e ainda estou ganhando muito
mais dinheiro do que na época
de consultório", disse Tatiana,
dona de um corpo malhado em
horas diárias de academia.
Neste final de semana, ela e
seu parceiro começaram a curtir o sucesso fora da cidade.
Eles cantaram numa boate da
zona leste de São Paulo.
Os dois já ganharam o apoio
da fábrica de fazer sucessos do
funk carioca, o DJ Malboro. A
música ""Essa Garota" foi incluída no Funk Mix, novo CD
do DJ.
Apesar do susto inicial da família, a cantora disse que não
enfrentou preconceito para ser
aceita no mundo funk. ""Nunca
vi cara feia nos clubes nem nas
comunidades".
Demorou...
""Acho ótimo que isso aconteça... demorou...", disse por e-mail o antropólogo Hermano
Vianna, que aprova a iniciativa
da psicóloga de virar funkeira.
Vianna, um dos primeiros no
mundo acadêmico a pesquisar
o funk, ainda nos anos 80, acha
""saudável" a participação de jovens de classe média no gênero.
""Como eu não gosto de guetos, e gosto muito de mediadores, acho saudável que isso
aconteça cada vez mais, para
novas idéias circularem no ambiente do funk".
Se por um lado Tatiana não
teve grandes barreiras em sua
incursão no funk, Lima, seu
parceiro na música, disse que
teve dificuldades para formar a
dupla. ""O pessoal da minha
área ficava dizendo que ela não
tinha nada a ver com o funk. Foi
bem difícil", afirmou ""o Plebeu", que antes de virar funkeiro tentou a carreira de jogador
de futebol em clubes como
Mesquita e Friburguense.
Mesmo sem ter pensado em
subir no palco, Tatiana sempre
gostou do ritmo, que, como diz
o refrão de um dos sucessos do
gênero, é ""som de preto, de favelado, mas quando toca, ninguém fica parado".
""O meu irmão gostava de ficar no Baixo Gávea. Já eu curtia
subir o Chapéu Mangueira [favela do Leme] para dançar um
funk na adolescência", afirmou
Tatiana, que em dezembro inicia com o parceiro a carreira internacional. A dupla já têm dois
shows marcados nos Estados
Unidos.
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