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Crítica/"Gal Costa Live at the Blue Note"
Com standards, Gal Costa reafirma condição de diva
Repertório de CD ao vivo se concentra em Tom Jobim com arranjo renovador
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Gal Costa vem se equilibrando entre dois pólos: renovar o repertório de vez em quando, como fez
no disco de inéditas "Hoje"
(2005), e reafirmar seu posto
de diva, interpretando clássicos
da música brasileira. É neste
segundo pólo que se encaixa
"Gal Costa Live at the Blue Note", que chega aqui depois de
ser lançado nos EUA.
Para os norte-americanos e
brasileiros que estavam em 19
de maio do ano passado na mais
famosa casa de jazz nova-iorquina, deve ter sido prazeroso
reencontrar em voz tão perfeita as jobinianas "Desafinado",
"Chega de Saudade", "Corcovado" e "Wave" -não faltou nem
"Garota de Ipanema".
Já para ouvidos nacionais
que vivem no Brasil, o repertório é mais do mesmo, no sentido de que só tem standards gravados e regravados à mancheia.
O que soa mais renovador é a
formação intimista que acompanha a cantora: violão (Marcus Teixeira), baixo (Adriano
Giffoni), bateria (Jurim Moreira), sax e flauta (Zé Canuto).
É muito bom ouvir Gal sem
que ela tenha por trás uma orquestra ou vários instrumentos
elétricos e percussões. Sua voz
esquece os extremos -o agudo
final de "Ave Maria do Morro"
(Herivelto Martins) é uma exceção- e as interpretações cobrem as músicas de um veludo
muito agradável. É claro que
também contribui para isso a
grande intimidade de Gal com
o repertório.
"Triste" com suingue
Das 19 músicas, nove são de
Tom Jobim, de quem ela é uma
antiga e exímia intérprete. Vale
destacar "Fotografia", que abre
o show indicando o clima que
ele terá, e "Triste", que ganha
uma versão mais sacudida do
que as habituais, com muito
suingue.
Entre as de Ary Barroso, a seqüência de "Camisa Amarela"
-com intervalos muito bem
marcados pelo sax- e "Pra Machucar o Coração" ("devastadora", segundo o texto do crítico Ben Ratliff, do "New York Times", que consta do encarte),
forma o melhor momento da
apresentação. Já o encerramento com "Aquarela do Brasil" é um pouco para-gringo-ver, com um arranjo não muito inventivo.
Outro grande momento é
"Nada Além", o fox de Custódio
Mesquita e Mário Lago que é
cantado por Gal com o acompanhamento apenas do baixo e de
estalos de dedos.
Antes da moça de Ipanema,
ela reverencia com adequada
suavidade o outro bairro carioca conhecido internacionalmente em "Sábado em Copacabana", de Dorival Caymmi, e "Copacabana" (João de Barro/
Alberto Ribeiro).
Gal ainda se lança em standards norte-americanos: muito
bem em "I Fall in Love Too Easily", reverência a seu ídolo
Chet Baker, e sem injetar muita
vida nova em "As Time Goes
By", o tema de "Casablanca". O
CD confirma que, embora não
precise ser seu único, o papel de
diva cai bem na Gal de hoje.
GAL COSTA LIVE AT THE BLUE
NOTE
Gravadora: LGK
Quanto: R$ 27, em média
Avaliação: bom
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