São Paulo, sexta-feira, 28 de setembro de 2007

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Crítica/"All the Lost Souls"

James Blunt se redime em novo álbum

MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Ex-tenente do Exército britânico, James Blunt estreou como cantor em 2006 proclamando "You're Beautiful" a plenos pulmões.
As rádios compraram seu barulho e a canção repetitiva se tornou um hit planetário de "Back to Bedlam", nome de seu CD de estréia. À época, o trabalho de James Blunt era marcado por um soft rock de canções melodicamente preguiçosas, repetitivas (como a própria "You're Beautiful"). Sua voz diferente, de dicção estilizada, só deixava tudo mais chato.
Tanta exposição exigiria uma volta "low profile", guiada pelo bom gosto, antes que o cantor assumisse de vez o título de crooner mais insuportável do arquipélago britânico.
Em "All the Lost Souls", porém, James Blunt se redime. Num trabalho com melodias mais pop e melancolia mais dosada, seu potencial como cantor e compositor se cristaliza.
A faixa de abertura, "1973", chega a tranqüilizar. Blunt domou sua voz anasalada de clarinete: aborda as notas com mais suavidade e acaricia o ouvidos.
O resultado são perólas de suavidade que não farão ninguém mudar o dial do rádio quando surgirem; cativantes como "Carry you Home" e "Same Mistake", em cujo refrão afirma não pedir uma segunda chance, pois está "gritando com toda a força de sua voz". Mentira, Blunt, você já gritou bem mais. E agora descobriu que não precisa disso.
O curioso é que, num momento em que o pop revive os falsetes dançantes dos Bee Gees, com o anglo-libanês Mika e os americanos dos Scissor Sisters, Blunt parece ser o resgate baladeiro da sonoridade do trio australiano -os irmãos Gibb defenderiam "One of the Brightest Stars" com orgulho.
Além disso, estão as óbvias influências de gente como Elton John, Carly Simon, Carole King e John Lennon. Dos mais modernos, alcança por vezes semelhanças das mais saudáveis com o Coldplay.
Portanto, se James Blunt era o demônio de 2006, em 2007 ele finalmente achou o tom para ser um dos bons moços mais agradáveis do pop. "All the Lost Souls" é o melhor pedido de desculpas que ele poderia ter feito após "You're Beautiful".


ALL THE LOST SOULS
Artista: James Blunt
Gravadora: Warner
Quanto: R$ 32
Avaliação: bom



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