São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2010

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fossa nova

Carioca Bárbara Eugênia lança álbum de estreia em que canta dores de amor em letras autobiográficas e troca o estereótipo de cantora fofa por rock inspirado em Beatles, iê-iê-iê e na tropicália

Karime Xavier/Folhapress
A cantora Bárbara Eugênia, que lança o disco "Journal de BAD"

ADRIANA FERREIRA SILVA
EDITORA DO GUIA FOLHA

O vírus da melancolia se espalhou entre os artistas da novíssima música brasileira.
Aparece em variados tons, como no pop experimental feito por Marcelo Camelo no disco "Nós", na bossa de Nina Becker, no folk de Tiê e na psicodelia do Cidadão Instigado. E, agora, na voz rouca de Bárbara Eugênia.
Com rosto delicado e jeito de menina, a carioca de 30 anos desfaz-se do estereótipo de cantora fofa num rock visceral, à PJ Harvey, registrado em seu primeiro álbum, "Journal de BAD", que chega às lojas nesta semana.
Nele, a cantora fala sobre rompimentos, decepções e vaivéns do amor, em letras que assume serem autobiográficas -ainda que algumas ganhem "floreios".
Assim, o disco abre com "Agradecimento", ao ex-marido, cuja separação levou-a a deixar o Rio há cinco anos. "A Chave" trata de típica reação masculina: a do rapaz que foge quando a moça fala de casamento.
"É exatamente o que estava acontecendo. Precisava fazer piada sobre isso porque estava muito triste", diz ela, acrescentando que, agora, já está "tudo certo" com o namorado, o produtor musical Rica Amabis.
Suas confissões são embaladas por rock "de todos os tipos": "Beatles, iê-iê-iê, tropicália, rock francês, italiano", afirma Bárbara, que prefere a música feita entre os anos 1950 e 70.
Nessa jornada, ela segue em companhia de Tom Zé -com quem divide os vocais em "Dor e Dor"-, Otto, Pupillo e Dengue (Nação Zumbi), Junio Barreto, Karina Buhr e Tatá Aeroplano.
Aos produtores Jr. Bocca e Dustan Galas, coube criar para cada faixa um clima diferente -indo da fossa total de "Dos Pés" à lisérgica "Drop the Bombs".
"A atmosfera que envolve a música da Bárbara lembra coisas delicadas, românticas e, ao mesmo tempo, um rock. Mas é um rock diferente", define Jr. Bocca. Para ele, a carioca é "especial" porque tem algo a dizer: "Cantar é importante. Mas ter conteúdo é mais ainda".

EM SAMPA
São Paulo "salvou" Bárbara. No Rio de Janeiro, suas lembranças são de interpretar Chico Buarque na praia, concorrer à vaga de vocalista numa banda de rock e quase se tornar cantora de MPB.
"Conheci um produtor que queria fazer um trabalho pop, uma bossinha. Na época, estava na moda", afirma.
Seu caminho começou a se desenhar em 2007, ao encontrar o produtor Apollo 9, que a chamou para cantar na trilha sonora do filme "O Cheiro do Ralo", de Heitor Dhalia.
Em seguida, participou de um projeto do guitarrista Edgar Scandurra interpretando músicas de Serge Gainsbourg e dos shows do 3NaMassa.
Devidamente enturmada, Barbara pôde, enfim, abrir o coração. Bem longe da bossa.


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