São Paulo, quarta-feira, 28 de setembro de 2011

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Antes do mito

Novo livro de Nelson Motta reconstrói a precoce e turbulenta formação de Glauber Rocha

Acervo Tempo Glauber
Glauber com sua primeira filmadora, uma Arriflex, nos anos 50

FABIO VICTOR
DE SÃO PAULO

Apresentado a Glauber Rocha na pré-estreia de "Deus e o Diabo na Terra do Sol" no Rio, em 1964, Nelson Motta estreitaria a partir dali sua relação com o cineasta.
Nos últimos anos de vida, Glauber (1939-1981) posfaciou o primeiro livro de Motta e, já amigos, eles foram vizinhos em Ipanema. Mas é sobre a fase anterior ao primeiro contato que Motta, 66, se debruçou para escrever "A Primavera do Dragão", espécie de biografia da infância e da juventude de Glauber, que sai pela editora Objetiva, coincidindo com os 30 anos da morte do diretor.
O livro vai do nascimento de Glauber à apresentação de "Deus e o Diabo..." em Cannes, em 64, que lançou o cineasta baiano ao mundo. Motta conta que focar esse período foi "uma maneira de fugir do final" da vida de Glauber, "uma época de muita incompreensão". "Teve o fracasso de 'A Idade da Terra' em Veneza, a mudança para Portugal, a morte. As lembranças que eu tinha do Glauber nos últimos anos eram tristíssimas."
Foi para descobrir a formação de Glauber e saber o que ele tinha lido, visto e ouvido que Motta iniciou o projeto. Tudo começou em 1989, quando o jornalista e produtor musical entrevistou a mãe de Glauber, Lucia Rocha, e amigos de infância e juventude do cineasta em Salvador.
Motta abortou seu plano ao saber que Zuenir Ventura preparava uma biografia de Glauber e o retomou quando o amigo desistiu do projeto.
Fracionado em capítulos curtíssimos, com fotos, o livro tem dois blocos mais significativos. No primeiro, Motta reconstrói a infância e adolescência de Glauber, empenhando-se em demonstrar o gênio precoce, que lia filosofia e fazia crítica de cinema aos 13 anos.
O segundo é dedicado aos bastidores da feitura de "Deus e o Diabo..." e à calorosa recepção em Cannes. Entre o homem em formação e a figura atormentada de que Motta buscou fugir, esteve Glauber no auge do cinema novo, com filmes como "Terra em Transe" (1967) e "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro " (1969). Tudo isso ficou fora do livro.


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