São Paulo, quarta-feira, 28 de setembro de 2011

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CRÍTICA

Em seu quarto álbum, "Elo", cantora faz arte ao seguir a cartilha do mercado

RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Grosso modo, dentro do processo artístico você pode seguir o caminho do familiar ou do criativo. Por definição, o criativo demanda invenção. Já para dialogar com o familiar, basta mimetizar tiques e vícios de descobertas prévias.
Por motivos estratégicos óbvios, a música que existe dentro do mercado pop busca o mínimo denominador comum, o consumo em massa, o derivativo sobre o original. Não é coisa simples soar normal, não é fácil soar comum. Soar genérico é uma arte.
No caso de Maria Rita e seu quarto álbum, "Elo", tudo parece vagamente familiar desde a capa: já não vimos isso antes? A sonoridade é recuperada de seus dois primeiros discos pré-"Samba Meu", com levadas de piano, baixo e bateria, grooves e bossinhas, convenções sem muita distância do previsto.
O repertório, básico: Chico, Caetano, Rita Lee, Djavan. "Menino do Rio", "Só de você", "A História de Lilly Braun", ela já não havia gravado?
O ápice do apelo à memória coletiva chega em hit de novela de 15 anos atrás de Djavan, "Nem Um Dia" ("um dia frio, um bom lugar pra ler um livro...").
Entre as novidades, uma canção de Marcelo Camelo (compositor de quem Maria Rita já gravou quatro músicas), uma canção de Pedro Baby (filho de Baby do Brasil e Pepeu Gomes) com Daniel Jobim (neto de Tom Jobim) e outra de Davi Moraes (filho de Moraes Moreira) com Alvinho Lancelotti (filho do compositor Ivor Lancelotti).
É certo que Maria Rita já criou uma linguagem de certa intensidade programática, como se constantemente tomando fôlego, notas longas em canções de amor doído ou romantismo açucarado.
Assim, a cartilha pop que segue em seu novo disco faz sentido, canções exatas para a voz de Maria Rita, cantando como se fosse simplesmente normal. Uma arte.

ELO
ARTISTA Maria Rita
LANÇAMENTO Warner Music
QUANTO R$ 29,90, em média
AVALIAÇÃO regular


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