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Show lembra ícones da música brasileira
Paulinho, Ney e Dominguinhos rendem homenagem aos mestres Jobim, Pixinguinha, Gonzaga e Villa-Lobos
RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Responda rápido: o que há
em comum entre Luiz Gonzaga, Tom Jobim, Pixinguinha e
Villa-Lobos? Segundo pomposo espetáculo que acontece hoje e amanhã no Alfa, os quatro
são representantes do que melhor existe na música brasileira
e são artistas que inventaram
caminhos dentro dela.
Agora responda rápido: o que
há em comum entre Paulinho
da Viola, Ney Matogrosso e Dominguinhos? Os três figuram
entre os artistas convidados pela produtora Myriam Taubkin
para cantar e tocar nos shows
que marcam a relação entre os
compositores citados no primeiro parágrafo.
"A idéia nasceu quando eu
comecei a pensar um espetáculo que passasse por 70, 80, 90
anos de história da música brasileira", conta Taubkin. "Pensando sobre isso, cheguei nesses quatro compositores como
fundadores, que inventaram
um caminho musical e depois
tiveram muitos seguindo suas
influências. A costura dos quatro é bonita porque dá compreensão de uma linha imperial da música brasileira."
Paulinho da Viola faz coro.
"Os quatro têm uma relação
muito mais forte do que as pessoas imaginam", observa. "Eles
estão ligados um ao outro. São
distintos na sua maneira de ser,
mas que um admirava o outro
eu tenho certeza. Você tinha
que ver como Tom falava de Pixinguinha. E sua paixão por Villa é notória. E o Luiz Gonzaga
também fazia choros, o que o liga ao Pixinguinha. Ou seja: todo
mundo influenciava todo mundo, todo mundo bebia na fonte
um do outro."
Paulinho cantando "Carinhoso", de Pixinguinha, acompanhado de músicos como Nailor Proveta e os irmãos chorões
Izaías e Israel de Almeida e
com arranjo de Tiago Costa.
Ana Luiza cantando "Retrato
em Branco e Preto" em duo
com o pianista Luis Felipe Gama. O Quinteto Villa-Lobos interpretando "Trenzinho do
Caipira", de Villa. Ney Matogrosso cantando "Lamentos",
melodia de Pixinguinha com letra de Vinicius de Moraes. Paulinho da Viola cantando "Asa
Branca" acompanhado apenas
da sanfona de Dominguinhos.
Pelos recortes do programa
acima, dá para notar que o espetáculo não se pretende apenas mais um. "Nos preocupamos em criar arranjos inéditos
para esse show", explica Taubkin. "E misturamos músicos jovens com músicos de 70 anos,
para criar uma riqueza maior."
"Eu não canto nenhuma música minha", nota Paulinho. "A
idéia central é prestar homenagem a esses quatro compositores, talvez os maiores de nossa
música. Eu já falei isso antes e
continuo achando: para mim,
as duas músicas mais fortes do
século passado são "Carinhoso"
e "Asa Branca", e nesse espetáculo vou cantar as duas."
O repertório, aliás, privilegia
os clássicos. Era parte da intenção do projeto? Taubkin confirma: "Eu não quis sair pesquisando as coisas desconhecidas.
Pelo contrário, quis as músicas
que estão no inconsciente coletivo de todos os brasileiros. As
músicas que estão aí há muito
tempo e ainda vão continuar."
Então, respondendo à pergunta. O que há em comum entre os quatro compositores é
que eles são os maiores?
"A gente pode falar de outros,
pode falar da minha geração,
tem muita gente", diz Paulinho.
"Mas se tiver que escolher quatro, são esses."
"Não podemos esquecer gente como Radamés Gnattali e
Ary Barroso", lembra Taubkin.
"Nada nunca vai ser completo.
Mas acho que essa seleção é um
viés. É um olhar."
VILLA-LOBOS, PIXINGUINHA, LUIZ GONZAGA E TOM JOBIM
Quando: hoje, às 21h; amanhã, às 18h
Onde: Teatro Alfa (r. Bento Branco de
Andrade Filho, 722, tel. 0/xx/11/5693-4000)
Quanto: R$ 30 a R$ 80
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