São Paulo, sábado, 28 de outubro de 2006

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Show lembra ícones da música brasileira

Paulinho, Ney e Dominguinhos rendem homenagem aos mestres Jobim, Pixinguinha, Gonzaga e Villa-Lobos

RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Responda rápido: o que há em comum entre Luiz Gonzaga, Tom Jobim, Pixinguinha e Villa-Lobos? Segundo pomposo espetáculo que acontece hoje e amanhã no Alfa, os quatro são representantes do que melhor existe na música brasileira e são artistas que inventaram caminhos dentro dela. Agora responda rápido: o que há em comum entre Paulinho da Viola, Ney Matogrosso e Dominguinhos? Os três figuram entre os artistas convidados pela produtora Myriam Taubkin para cantar e tocar nos shows que marcam a relação entre os compositores citados no primeiro parágrafo.
"A idéia nasceu quando eu comecei a pensar um espetáculo que passasse por 70, 80, 90 anos de história da música brasileira", conta Taubkin. "Pensando sobre isso, cheguei nesses quatro compositores como fundadores, que inventaram um caminho musical e depois tiveram muitos seguindo suas influências. A costura dos quatro é bonita porque dá compreensão de uma linha imperial da música brasileira."
Paulinho da Viola faz coro. "Os quatro têm uma relação muito mais forte do que as pessoas imaginam", observa. "Eles estão ligados um ao outro. São distintos na sua maneira de ser, mas que um admirava o outro eu tenho certeza. Você tinha que ver como Tom falava de Pixinguinha. E sua paixão por Villa é notória. E o Luiz Gonzaga também fazia choros, o que o liga ao Pixinguinha. Ou seja: todo mundo influenciava todo mundo, todo mundo bebia na fonte um do outro."
Paulinho cantando "Carinhoso", de Pixinguinha, acompanhado de músicos como Nailor Proveta e os irmãos chorões Izaías e Israel de Almeida e com arranjo de Tiago Costa.
Ana Luiza cantando "Retrato em Branco e Preto" em duo com o pianista Luis Felipe Gama. O Quinteto Villa-Lobos interpretando "Trenzinho do Caipira", de Villa. Ney Matogrosso cantando "Lamentos", melodia de Pixinguinha com letra de Vinicius de Moraes. Paulinho da Viola cantando "Asa Branca" acompanhado apenas da sanfona de Dominguinhos. Pelos recortes do programa acima, dá para notar que o espetáculo não se pretende apenas mais um. "Nos preocupamos em criar arranjos inéditos para esse show", explica Taubkin. "E misturamos músicos jovens com músicos de 70 anos, para criar uma riqueza maior."
"Eu não canto nenhuma música minha", nota Paulinho. "A idéia central é prestar homenagem a esses quatro compositores, talvez os maiores de nossa música. Eu já falei isso antes e continuo achando: para mim, as duas músicas mais fortes do século passado são "Carinhoso" e "Asa Branca", e nesse espetáculo vou cantar as duas."
O repertório, aliás, privilegia os clássicos. Era parte da intenção do projeto? Taubkin confirma: "Eu não quis sair pesquisando as coisas desconhecidas. Pelo contrário, quis as músicas que estão no inconsciente coletivo de todos os brasileiros. As músicas que estão aí há muito tempo e ainda vão continuar."
Então, respondendo à pergunta. O que há em comum entre os quatro compositores é que eles são os maiores? "A gente pode falar de outros, pode falar da minha geração, tem muita gente", diz Paulinho.
"Mas se tiver que escolher quatro, são esses." "Não podemos esquecer gente como Radamés Gnattali e Ary Barroso", lembra Taubkin. "Nada nunca vai ser completo. Mas acho que essa seleção é um viés. É um olhar."


VILLA-LOBOS, PIXINGUINHA, LUIZ GONZAGA E TOM JOBIM
Quando:
hoje, às 21h; amanhã, às 18h
Onde: Teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel. 0/xx/11/5693-4000)
Quanto: R$ 30 a R$ 80


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