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Crítica/"Bethânia Bem de Perto'e "Pedrinha de Aruanda"
Documentários unem o passado e o presente de Maria Bethânia
Filme de Bressane e Escorel registra cantora em início de carreira; já Andrucha Waddington vê aniversário de 60 anos
CRÍTICO DA FOLHA
No futuro, alguém há de indagar por que Maria Bethânia tornou-se uma das mais documentadas artistas da música popular brasileira pelo cinema. Dois desses trabalhos, "Bethânia Bem de Perto" e "Pedrinha de Aruanda", feitos com um intervalo de 40 anos, saem agora reunidos num mesmo DVD. Entre os dois, a cantora foi tema de "Maria Bethânia - Música É Perfume", dirigido pelo francês Georges Gachot, e fez aparições importantes em "O Desafio", "Os Doces Bárbaros", "Quando o Carnaval Chegar" e outros.
É inegável que há um mito Bethânia, que a artista ampliou e preservou em seus mais de 40 anos de carreira graças a um temperamento que valoriza a reserva. Os dois documentários reunidos agora partem dessa atitude e sondam o mito não com o intuito de desmistificar sua aura, mas de aproximar a estrela da pessoa, ao adotarem um pudor diante da artista que provoca um efeito revelador de suas qualidades.
Dirigido por Júlio Bressane e Eduardo Escorel em 1966, "Bethânia Bem de Perto" captura a cantora nos bastidores do show que inaugurou sua carreira.
A música está presente, mas de maneira enviesada: ela acompanha as cenas e aparece em trechos da cantora no palco. O que o documentário de Bressane e Escorel, no entanto, busca é sondar os bastidores da vida de artista. Essa estratégia torna-se mais bem-sucedida pelo fato de, naquele momento, mesmo já dotada da forte personalidade que a distinguiu, Bethânia ainda não era um mito. Portanto, sua persona ainda não substituíra a pessoa e esta se dá a ver com um misto de força e fragilidade, despreocupada com as francas opiniões (como um delicioso comentário sobre Roberto Carlos). O próprio título enfatiza a intenção de seus criadores, que filmam a artista em closes, relaxada, na intimidade de amigos, em resumo, bem de perto.
Reunião familiar
"Pedrinha de Aruanda" reencontra a cantora 40 anos depois e tem de lidar com as várias máscaras sobrepostas ao longo do tempo em que ela se transformou em estrela. O diretor Andrucha Waddington retoma os procedimentos da dupla Bressane e Escorel e, ao seu modo, alcança ótimos momentos. Mas não repete a estratégia da câmera próxima e prefere penetrar pelo atalho da música.
Assim, persegue um fio que segue Bethânia do público ao particular, de um grande show à pequena reunião familiar. Aqui, ao lado do irmão Caetano e da mãe, dona Canô, de amigos e familiares, enxergamos Bethânia mais uma vez bem de perto.
(CÁSSIO STARLING CARLOS)
BETHÂNIA BEM DE PERTO/PEDRINHA DE ARUANDA
Distribuidora: Biscoito Fino (R$ 52,90, em média)
Avaliação: ótimo
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