São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 2011

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Versão brasileira foca personalidade derrotada de Sally

Segundo Miguel Falabella, que adaptou "Cabaret" para os palcos nacionais, personagem é velha desde sempre

Peça dirigida por José Possi Neto tem 150 figurinos, vestido com 20 mil peças de cristal e 7 toneladas de cenário

DE SÃO PAULO

Uma dançarina bêbada, histérica, que prefere fantasiar um mundo de brilho a viver a realidade, sempre foi o papel que Claudia Raia quis interpretar.
"Desde que não consegui participar da primeira montagem de 'Cabaret' no Brasil, em 1989, eu e Sally Bowles brincamos de gato e rato", comenta a atriz sobre a demora para finalmente viver a diva decadente.
A superprodução dirigida por José Possi Neto estreia hoje com números altos: são 150 figurinos usados pelos 21 atores (o mais deslumbrante é um vestido com 20 mil peças de cristal), 40 perucas e sete toneladas de cenário.
Parte do teatro Procópio Ferreira se transformou num clube noturno. Onze mesas foram colocadas no palco para o público se sentar, como se também estivesse dentro do cabaré, na Alemanha de 1931.
É neste lugar, transformado em Kit Kat Club, que Cliff Bradshaw -um jovem escritor vindo dos Estados Unidos- conhece Sally Bowles (papel que deu o Oscar a Liza Minnelli), dançarina de cabaré, alcoólatra e deprimida.
Claudia acredita que só agora, aos 44 anos, está preparada para entender todas as nuances da protagonista, uma mulher mais velha do que a vivida por Liza.
"Ela é aparentemente frívola e fútil, mas carrega sua própria identidade", explica Possi. Miguel Falabella provoca: "A idade da atriz não importa. Isso é coisa para televisão, para revista de fofoca.
No teatro, ninguém tem idade. Tem talento".
Responsável pela adaptação, Falabella diz que não precisou se preocupar em pensar na dançarina vivida por Raia como uma mulher mais madura, porque, para ele, Sally é velha desde sempre, "ela é derrotada, é aquela que já entrou perdendo".
Para ajudar a atriz, ele tomou emprestadas palavras de "The Berlin Stories" (1945), livro de Christopher Isherwood que inspirou a peça.
"Eu notei que suas unhas eram pintadas de verde esmeralda, uma cor muito mal escolhida, pois chamava a atenção para suas mãos sujas de cigarro como as de uma garotinha. Sally era sombria." Uma divina decadência de mulher.(ME)

CABARET
QUANDO qui., às 21h; sex., às 21h30; sáb., às 18h e às 21h30; dom., às 18h; estreia hoje
ONDE Teatro Procópio Ferreira (rua Augusta, 2.823; tel. 0/xx/11/3083-4475)
QUANTO de R$ 40 a R$ 200
CLASSIFICAÇÃO 14 anos



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