São Paulo, quarta-feira, 28 de novembro de 2007

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Lourenço Mutarelli volta à cena com "O Natimorto"

Adaptação do segundo romance do quadrinista estréia hoje, com direção de Bortolotto

História sobre agente artístico que propõe a jovem cantora o confinamento em um quarto de hotel entra em cartaz no Sesc Anchieta

LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de ter seu romance de estréia, "O Cheiro do Ralo", levado às telas em março deste ano por Heitor Dhalia, o quadrinista Lourenço Mutarelli fecha 2007 vendo sua segunda incursão no gênero ganhar os palcos. Menos estilizado do que o filme estrelado por Selton Mello, mas com uma fauna de personagens lúgubres à altura deste, "O Natimorto" estréia hoje em São Paulo.
No teatro, sai de cena o Lourenço obcecado pelo odor do banheiro e entra O Agente, fumante inveterado acossado pelas imagens impressas no verso dos maços ("São um prenúncio do dia") e pelos possíveis elos destas com as cartas do tarô. Quando sua nova cliente, A Voz (que não emite nenhum som ao abrir a boca), chega à cidade, ele lhe faz uma proposta radical: isolarem-se em um quarto de hotel para ficarem a salvo das vaias, críticas e tomates dos detratores. Na semi-clausura (ela sai eventualmente para tocar a carreira), surge uma relação de cumplicidade e dependência.
A transposição do livro para o palco foi iniciativa da atriz Maria Manoella, intérprete d'A Voz, que descobriu "O Natimorto" em 2005, um ano após o lançamento. "A estrutura é mais de peça do que de romance. O universo do Mutarelli, de solidão, confinamento, estranhamento e horror, me atrai bastante. É muito fácil filmar o horror, mas é raro vê-lo no teatro", diz.
Para Nilton Bicudo, que faz O Agente, a proposta de "discutir uma relação entre quatro paredes" foi o maior chamariz. "E também achei interessante o fato de o personagem querer assumir sua assexualidade [ele sublima a libido ao descobrir a infidelidade da mulher, vivida por Martha Nowill]. Isso tira da frente um monte de dor de cabeça. Com a banalização atual do sexo, é quase uma antevisão do futuro", afirma.
O dramaturgo Mário Bortolotto, que vê em Mutarelli "um louco genial", assina adaptação e direção. Do original, enxugou os monólogos d'O Agente ("senão ficaria com quase quatro horas"), mas preservou os diálogos. "Eles têm um ritmo que precisava ir para a cena", avalia.


O NATIMORTO
Quando:
estréia hoje, às 21h; ter., qua. e qui., às 21h. Até 20/12
Onde: teatro Sesc Anchieta (r. Dr. Vila Nova, 245, tel. 0/xx/11/3234-3000)
Quanto: R$ 20


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