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DiCaprio volta nervoso em thriller
Em "Rede de Mentiras", de Ridley Scott, ator vive um agente da CIA enviado ao Oriente Médio para encontrar terrorista
Em entrevista à Folha, astro nega que filme seja panfletário, diz querer trabalhar com Walter Salles e elogia política brasileira
Divulgação
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Russell Crowe (esq.) faz Ed Hoffman, chefe de Roger Ferris, personagem de Leonardo DiCaprio, em "Rede de Mentiras", thriller de Ridley Scott que aborda o terrorismo e estréia hoje no Brasil
EDUARDO GRAÇA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES
Na primeira vez em que trabalharam juntos, há 13 anos,
Leonardo DiCaprio e Russell
Crowe eram "dois neófitos" em
Hollywood. Era o faroeste "Rápida e Mortal", de Sam Raimi, e
ambos ficaram "quietinhos e
com os olhos bem abertos,
prestando atenção em tudo",
conta DiCaprio à Folha.
Hoje, muitos sucessos de bilheteria depois, eles são dois
dos mais populares astros do
cinema e voltam a dividir as telas no thriller "Rede de Mentiras", de Ridley Scott, que estréia hoje no Brasil.
Na entrevista a seguir, DiCaprio, 34, afirma que o longa é
um "filme permanente", já que
é representativo da Era do Terror; revela ter vontade de trabalhar com Walter Salles e diz
que os EUA estão atrasados oito anos em relação ao Brasil na
questão da política energética.
FOLHA - O que o atraiu em "Rede
de Mentiras"? Atuar em um thriller
ou o aspecto político, já que a trama
aborda a questão do terrorismo no
Oriente Médio?
LEONARDO DICAPRIO - As duas
coisas. Adoro o fato de que este
é um filme permanente quando
se pensa em interpretações no
cinema da era do terror, é um
símbolo das relações estabelecidas pelos EUA com os países
do Oriente Médio. Ao mesmo
tempo, não acho que o filme
penda para uma seara política
específica, não é panfletário.
Ele pincela algumas possibilidades de realidade mas deixa
que o público tire suas próprias
conclusões.
FOLHA - O roteirista, William Monahan, é o mesmo de "Os Infiltrados", em que você atuou. É muito diferente ser dirigido por Ridley Scott
e por Martin Scorsese?
DICAPRIO - Sim. Não quero dizer que Ridley não seja meticuloso, mas Marty presta atenção
a cada detalhe. E Ridley é um
diretor que já edita em sua própria cabeça, controlando cinco
ou seis câmeras. Ele sabe o que
está acontecendo em cada câmera e confia muito em seu
instinto. A adrenalina no set é
algo singular. Você tem câmeras te filmando o tempo todo
dos mais diversos ângulos. Já
Marty requer um trabalho mais
intenso do ator, ele estuda minuciosamente cada cena com
uma grande antecedência. Agora, para o ator, creio, há benefícios nos dois estilos.
FOLHA - E como foi trabalhar em
um filme mais lento, como "The Revolutionary Road" [drama em que
atua com Kate Winslet e que estréia
no Brasil em janeiro]?
DICAPRIO - Foi o oposto. Quase
que como filmar uma peça de
teatro. Aliás, jamais tive uma
experiência legítima no teatro,
queria muito fazer um espetáculo off-Broadway, mais experimental. Passei um tempo
enorme confinado com Kate
Winslet e Sam Mendes em uma
casa no subúrbio americano e
no mês seguinte já estava correndo para cima e para baixo no
Marrocos com Ridley enquanto helicópteros jogavam mísseis na minha cabeça. Nada
mais diferente, mas esta é minha rotina nesta roda-gigante
de Hollywood. Mas queria trabalhar com outros estilos de direção no cinema, fora dos EUA.
Adoraria trabalhar com Ang
Lee, Alejandro Iñárritu e Walter Salles. Quem sabe eles não
surjam com um projeto com algum lugar para mim?
FOLHA - Você dirigiu "A Última Hora", focado no aquecimento global.
Pensa em fazer outro?
DICAPRIO - Vou editar uma
campanha viral, uma propaganda com celebridades voltada para a internet, convocando
os jovens a votarem [a entrevista foi realizada em setembro].
Mas já que você mencionou "A
Última Hora", preciso dizer
que tenho a maior admiração
pela maneira como o Brasil lida
com energias alternativas. Vocês são pioneiros. Se os EUA tivessem feito um terço do que
vocês fizeram não estaríamos
mais tão dependentes da exportação de petróleo. Quando
eu filmava "Rede de Mentiras",
ficou claro que as guerras que
estamos lutando têm tanto a
ver com o combate ao terrorismo quanto com a necessidade
de assegurar o abastecimento
de petróleo. E a política energética do Brasil é um exemplo para todos. Estamos oito anos
atrasados em relação a vocês.
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