São Paulo, sábado, 28 de dezembro de 2002

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TRECHOS

"(...) Nada há a fazer pois que estão brotando crianças trágicas como cactos / Da semente má que a carne enlouquecida deixou nas matas silenciosas / Nem plácidas visões restam aos olhos - só o passado surge se a dor surge / E o passado é como o último morto que é preciso esquecer para ter vida / Todas as meias-noites soam e o leito está deserto do corpo estendido / Nas ruas noturnas a alma passeia, desolada e só, em busca de Deus."

Excerto de poema de "O Mergulhador"

"Senhores donos da terra
Juntai vossa rica tralha
Vosso cristal, vossa prata
Luzindo em vossa toalha.
Juntai vossos ricos trapos
Senhores donos de terra
Que os nossos pobres farrapos
Nossa juta e nossa palha
Vêm vindo pelo caminho
Para manchar vosso linho
Com o barro da nossa guerra:
E a nossa guerra não falha!"

Idem

"A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.
Se me perguntarem, o que é a minha pátria, direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, porque e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas."

Idem


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