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São Paulo, quarta-feira, 29 de janeiro de 2003

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Morre Cícero Dias, o último modernista

Juan Esteves - 26.abr.1994/Folha Imagem
O artista plástico Cícero Dias, que morreu ontem em Paris



Artista plástico pernambucano, que tinha 95 anos, deve ser enterrado no sábado em Montparnasse, em Paris


CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O modernismo brasileiro chegou ao ponto final. Morreu ontem em Paris, aos 95 anos, de falência múltipla dos órgãos, o artista Cícero Dias, último dos grandes nomes da vanguarda tupiniquim.
Filho da cidade pernambucana de Jundiá, o pintor e desenhista foi-se com leveza, com a mesma leveza que ajudou a injetar nas artes brasileiras ainda na década de 20, quando fazia aquarelas em que tudo, de pessoas a animais, flutuava livremente no ar.
Lúcido e saudável até o final, o artista começou a se sentir fraco apenas no início deste mês. Passou os últimos dias em seu apartamento, próximo à torre Eiffel, com a mulher, a francesa Raymonde, com quem era casado desde 1943. O casamento simbolizou a adoção definitiva de Dias pela França, para onde foi em 1937, a convite de Di Cavalcanti, fugindo do Estado Novo.
Dias não demorou a se amigar com toda a "intelligentsia" que circulava pelo bairro boêmio de Montparnasse, em cujo cemitério deve ser enterrado neste sábado.
Lá, ao lado de túmulos como o do libertário Samuel Beckett, ficarão alguns dos traços mais líricos e livres da arte brasileira, elogiados por um time que vai de Mário de Andrade a Picasso, padrinho de sua única filha, Sylvia.


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