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Morre Cícero Dias, o último modernista
Juan Esteves - 26.abr.1994/Folha Imagem
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O artista plástico Cícero Dias, que morreu ontem em Paris |
Artista plástico pernambucano, que tinha 95 anos, deve ser enterrado no sábado em Montparnasse, em Paris
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CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O modernismo brasileiro chegou ao ponto final. Morreu ontem
em Paris, aos 95 anos, de falência
múltipla dos órgãos, o artista Cícero Dias, último dos grandes nomes da vanguarda tupiniquim.
Filho da cidade pernambucana
de Jundiá, o pintor e desenhista
foi-se com leveza, com a mesma
leveza que ajudou a injetar nas artes brasileiras ainda na década de
20, quando fazia aquarelas em
que tudo, de pessoas a animais,
flutuava livremente no ar.
Lúcido e saudável até o final, o
artista começou a se sentir fraco
apenas no início deste mês. Passou os últimos dias em seu apartamento, próximo à torre Eiffel,
com a mulher, a francesa Raymonde, com quem era casado
desde 1943. O casamento simbolizou a adoção definitiva de Dias
pela França, para onde foi em
1937, a convite de Di Cavalcanti,
fugindo do Estado Novo.
Dias não demorou a se amigar
com toda a "intelligentsia" que
circulava pelo bairro boêmio de
Montparnasse, em cujo cemitério
deve ser enterrado neste sábado.
Lá, ao lado de túmulos como o
do libertário Samuel Beckett, ficarão alguns dos traços mais líricos
e livres da arte brasileira, elogiados por um time que vai de Mário
de Andrade a Picasso, padrinho
de sua única filha, Sylvia.
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