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OUTRA FREQUÊNCIA
PF fecha cerco contra rádios; padre é "missão número 1"
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto o governo Lula
não decide o que fazer com as
polêmicas rádios comunitárias, a
Polícia Federal já deu uma determinação a seus agentes: fechar o
cerco contra AMs e FMs sem autorização para operar.
A ação da PF de São Paulo é
uma clara demonstração dessa
política. O GCrac (Grupo de
Combate às Rádio Clandestinas),
antes formado por policiais "emprestados" de outras áreas por
tempo determinado, contará com
uma equipe fixa e especializada.
O escritório do grupo passará
por reforma, com melhorias tecnológicas e a implementação de
um banco de dados sobre as rádios. "A ordem é agilizar processos e fazer uma fiscalização mais
rígida", diz Gladson Rogério, um
dos delegados-titulares do GCrac.
O atual "inimigo número 1" do
grupo é Francisco Silva, que se auto-intitula padre vidente e usa a
pirata Planeta 90 FM (90,1 MHz,
em SP) para fazer propaganda de
suas consultas na igreja no Brás.
Em dezembro, a PF apreendeu
no local uma submetralhadora
com silenciador, uma espingarda
e munição, entre outras coisas.
Lacrou a antena que emitia sinais
da rádio, em Mairiporã, e instaurou inquérito contra Silva. Além
de dono de rádio clandestina, ele
também poderá ser indiciado por
porte ilegal de arma, lavagem de
dinheiro e crimes contra a ordem
tributária, segundo a PF.
A Folha tentou falar com o padre por dois dias na igreja, mas
atendentes sempre informavam
que ele não estava e que não poderiam comentar as acusações.
O mais interessante de toda essa
história: poucos dias depois de a
antena ter sido lacrada, a Planeta
90 FM já estava no ar novamente,
podendo ser sintonizada em toda
a região metropolitana de São
Paulo (vale a pena escutar uns minutos, só por curiosidade...).
Essa não foi a primeira vez que
uma operação da PF não conseguiu, de fato, fechar a rádio. Desde 1998, quando a emissora foi
criada, Silva (que já chegou a ser
preso) resiste no ar, escancarando
os problemas de fiscalização.
Agora, na operação "linha dura",
a PF garante que o caso é "questão
de honra" e que o fechamento
dessa FM será só um exemplo do
que se fará com as estações sem
autorização do governo.
E, ao mesmo tempo em que a PF
endurece, defensores das comunitárias decidiram, no Fórum Social Mundial, enviar a Lula documento pedindo um "posicionamento imediato do governo" sobre a questão. Um dos que se destacaram no apoio à idéia foi justo
um membro da PF, Armando
Coelho Neto, presidente da Federação Nacional dos Delegados de
PF de SP. Curioso, no mínimo.
laura@folhasp.com.br
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