|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Histórias extraordinárias
Chegam ao Brasil romances que têm Edgar Allan Poe como personagem, com elementos que influenciaram sua obra
EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL
Desde seu nascimento, em 19
de janeiro de 1809, até a sua
morte, em 1849, em circunstâncias até hoje nebulosas, a
trajetória do poeta, contista e
romancista americano Edgar
Allan Poe foi marcada por mistérios. Seu pai, o ator David
Poe, desapareceu entre 1809 e
1811, quando teria abandonado
a mulher, Elizabeth. O próprio
Poe teria sumido do mapa entre 26 de setembro e 3 de outubro, no ano de sua morte.
Estas e outras lacunas na vida daquele que é considerado o
pai da literatura fantástica e das
histórias de detetive serviram
de inspiração para três romances recentes que usam Poe como personagem: "O Menino
Americano" (Suma de Letras) e
"O Pálido Olho Azul" (Planeta),
que acabam de sair no Brasil; e
"The Poe Shadow", que chega
ao país em julho, pela Ediouro.
Utilizando dados biográficos,
os três livros tentam dar uma
idéia do ambiente e circunstâncias em que a imaginação de
Poe foi moldada.
Publicado originalmente em
2004, depois de um trabalho de
mais de dez anos de pesquisa,
"O Menino Americano", do escritor inglês Andrew Taylor, se
debruça sobre o período em
que Poe viveu na Inglaterra,
dos seis aos 11 anos de idade,
quando foi informalmente adotado pela família Allan, de
quem viria a tomar emprestado
o sobrenome.
O personagem principal é o
professor Thomas Shield, mas
é em torno de Poe, o menino
americano de quem Shield é tutor, que a trama de sexo, mentiras e assassinato gira. Como
apontou uma crítica elogiosa
do jornal inglês "Daily Telegraph", sua importância cresce
nas páginas finais do livro, que
contém os "elementos góticos
que enriquecem a extravagante
visão psicológica de Poe", como
desfiguração, duplos, poços, relógios etc.
Em entrevista à Folha, Taylor diz que um dos objetivos do
romance era justamente trazer
à tona elementos que podem
ter alimentado a imaginação de
Poe na vida adulta. Uma inspiração mais imediata seria o
conto "William Wilson", em
que Poe trabalha com a idéia de
um "duplo", e que remete aos
tempos de escola na Inglaterra.
"Outros elementos são menos óbvios: "O Corvo" teria originalmente um papagaio como
personagem. Sabemos que a
sra. Allan [mãe adotiva de Poe]
tinha um papagaio que falava
francês, que aparece em meu
livro", diz Taylor. "A estranha
personalidade de Poe, evidente
em sua vida e obra, pede uma
explicação. Ou, em termos que
os romancistas preferem, uma
ficção plausível."
Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Guilherme Wisnik Índice
|