São Paulo, segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

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Histórias extraordinárias

Chegam ao Brasil romances que têm Edgar Allan Poe como personagem, com elementos que influenciaram sua obra

EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde seu nascimento, em 19 de janeiro de 1809, até a sua morte, em 1849, em circunstâncias até hoje nebulosas, a trajetória do poeta, contista e romancista americano Edgar Allan Poe foi marcada por mistérios. Seu pai, o ator David Poe, desapareceu entre 1809 e 1811, quando teria abandonado a mulher, Elizabeth. O próprio Poe teria sumido do mapa entre 26 de setembro e 3 de outubro, no ano de sua morte.
Estas e outras lacunas na vida daquele que é considerado o pai da literatura fantástica e das histórias de detetive serviram de inspiração para três romances recentes que usam Poe como personagem: "O Menino Americano" (Suma de Letras) e "O Pálido Olho Azul" (Planeta), que acabam de sair no Brasil; e "The Poe Shadow", que chega ao país em julho, pela Ediouro. Utilizando dados biográficos, os três livros tentam dar uma idéia do ambiente e circunstâncias em que a imaginação de Poe foi moldada.
Publicado originalmente em 2004, depois de um trabalho de mais de dez anos de pesquisa, "O Menino Americano", do escritor inglês Andrew Taylor, se debruça sobre o período em que Poe viveu na Inglaterra, dos seis aos 11 anos de idade, quando foi informalmente adotado pela família Allan, de quem viria a tomar emprestado o sobrenome.
O personagem principal é o professor Thomas Shield, mas é em torno de Poe, o menino americano de quem Shield é tutor, que a trama de sexo, mentiras e assassinato gira. Como apontou uma crítica elogiosa do jornal inglês "Daily Telegraph", sua importância cresce nas páginas finais do livro, que contém os "elementos góticos que enriquecem a extravagante visão psicológica de Poe", como desfiguração, duplos, poços, relógios etc.
Em entrevista à Folha, Taylor diz que um dos objetivos do romance era justamente trazer à tona elementos que podem ter alimentado a imaginação de Poe na vida adulta. Uma inspiração mais imediata seria o conto "William Wilson", em que Poe trabalha com a idéia de um "duplo", e que remete aos tempos de escola na Inglaterra.
"Outros elementos são menos óbvios: "O Corvo" teria originalmente um papagaio como personagem. Sabemos que a sra. Allan [mãe adotiva de Poe] tinha um papagaio que falava francês, que aparece em meu livro", diz Taylor. "A estranha personalidade de Poe, evidente em sua vida e obra, pede uma explicação. Ou, em termos que os romancistas preferem, uma ficção plausível."


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