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Crítica
Filme é um dos mais caretas de Eastwood
ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA
Clint Eastwood tem quase 80 anos. Um ícone,
prestes a iniciar sua sétima década no cinema. Como
cineasta, é um nostálgico: gosta
do cinemão tradicional hollywoodiano, narrativo e formal,
com histórias fortes e personagens marcantes. Seus filmes
são dirigidos com eficiência,
porém da maneira mais convencional possível. "Invictus"
periga ser um de seus filmes
mais caretas e datados.
O filme começa no dia da libertação de Mandela, após quase 30 anos de prisão pelo apartheid. Eleito presidente, Mandela (Freeman) vê no rúgbi um
instrumento para ajudar a unir
uma nação racialmente dividida. Mandela declara seu apoio à
desacreditada seleção da África
do Sul, prestes a sediar o campeonato mundial. O apoio causa críticas da maioria negra da
população, que vê o rúgbi como
domínio da minoria branca.
Na sequência de abertura do
filme, vemos um lindo gramado, onde meninos brancos,
bem nutridos e trajando belos
uniformes, treinam rúgbi. Uma
estrada de terra separa o lugar
de um terreno baldio esburacado, onde crianças negras e maltrapilhas jogam futebol.
Que
Eastwood tenha escolhido uma
cena tão óbvia para abrir o filme diz muito sobre seu cinema.
"Invictus" é uma sequência
infindável de fórmulas gastas.
Como acontece em 99% dos filmes sobre esporte, o azarão, no
caso a seleção sul-africana, passa de timeco a grande potência,
movido por paixão e garra. O
Nelson Mandela de Morgan
Freeman é feito de cartolina,
um personagem caricato que só
fala frases de efeito como "o
perdão liberta a alma" e "tenho
uma grande família de 42 milhões de pessoas". O capitão da
seleção sul-africana (Damon)
não fica atrás: "Ouçam essa torcida", diz para seus companheiros durante um jogo, "Ouçam o
seu país!".
As cenas de jogo parecem ter
saído de algum filme de esporte
de 50 anos atrás, com "closes"
nas expressões de angústia do
público, som de piano nos momentos mais introspectivos e
até o inevitável fim da partida
em câmera lenta. Já deu.
INVICTUS
Avaliação: regular
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