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GRAMMY
O carioca Moogie Canazio disputa o prêmio de melhor engenheiro de som com ``Oceano'', de Sérgio Mendes
Indicado ao Grammy já foi boy de estúdio
LUIZ ANTÔNIO RYFF
da Reportagem Local
Quem não trabalha com música
nem imagina quem seja Moogie
Canazio.
Pois esse desconhecido carioca
de 41 anos, que já foi office-boy de
estúdio nos EUA, está concorrendo ao Grammy de melhor engenheiro de som por seu trabalho em
"Oceano", de Sérgio Mendes.
É a segunda vez que ele tem seu
nome indicado ao prêmio -em
1993, foi designado por "Brasileiro", também de Sérgio Mendes.
Moogie é o único brasileiro a
conseguir tal distinção nessa categoria do Grammy -o prêmio da
indústria fonográfica equivalente
ao Oscar.
``E é o único disco que não tem
uma equipe de trabalho de engenharia de som'', diz Moogie, que
tem entre os concorrentes as equipes de ``Q's Jook Joint'' (Quincy
Jones), ``Stardust'' (Natalie Cole)
e ``Tambu'' (Toto).
Moogie é um dos brasileiros que
pode levar o Grammy neste ano.
Ivan Lins concorre em parceria
com o trompetista Terence Blanchard na categoria jazz instrumental com ``The Hearts Speaks''.
Morto há dois anos, Tom Jobim
disputa o prêmio de melhor caixa
de CDs com ``The Man from Ipanema'' e, indiretamente, na categoria jazz instrumental, por ``Antonio Carlos Jobim and Friends'',
do pianista Gonzalo Rubalcabia.
Gata Borralheira
A história de Moogie tem um
pouco de um conto de fadas do estilo "Gata Borralheira".
Ele sempre gostou de música.
Antes de ser um dos pioneiros da
discotecagem no Brasil, chegou a
ser um baterista frustrado.
``Como discotecário passei a
querer mexer na música'', diz.
Sonhava ser engenheiro de som
no principal estúdio do mundo.
Descobriu que o Kendun Records
ficava em Los Angeles e se mandou
para lá com o pé-de-meia que juntara.
Chegou no final de 1978, logo
após o início da crise da discoteca,
quando vários estúdios começaram a fechar pelo país a fora.
Moogie fez cursos de engenharia
de som, mas acabou entrando no
estúdio como office-boy.
``Estava faminto para entrar no
meio e disse que trabalhava até de
graça'', conta.
Em dez dias de trabalho ele foi
aceito como segundo engenheiro
de um disco que estava sendo gravado por Barry McGuire.
"Em uma semana ele demitiu o
primeiro engenheiro e eu fui contratado", lembra.
Ele ficou até 1981 nos EUA. Voltou ao Brasil trazendo no currículo
trabalhos com Rufus e Chaka
Khan, George Benson, Chicago,
Reo Speedwagon e outros. Foi
contratado pela Som Livre.
``Quando entrou na minha sala
para pedir emprego como engenheiro de som, ele me disse que seria o melhor. Eu nunca havia feito
isso, mas resolvi acreditar'', conta
o produtor Guto Graça Melo, na
época diretor da Som Livre.
Hoje, Graça Melo afirma que
Moogie é o único engenheiro que
ele sente confiança para deixar sozinho pilotando a mesa de som
sem estar por perto.
Depois de trabalhar com quase
toda a MPB, Moogie voltou para os
EUA, onde vive há sete anos.
Fez trabalhos com Diana Ross,
Burt Bacharach e Oleta Adams antes de ser indicado ao Grammy.
Atualmente está envolvido na
gravação do projeto ``Two Faces
of East'', que reúne os irmãos East
-o renomado baixista Nathan e o
tecladista Marcel. Na banda estão
o baterista Phil Collins e o guitarrista Eric Clapton.
Em São Paulo, onde esteve na semana passada, Moogie participou
de um disco bem diferente. Trabalhou no próximo CD da ``rainha
dos caminhoneiros'', a cantora
Roberta Miranda. Foi contratado
para gravar a voz e mixar o disco.
``Para mim não faz a menor diferença entrar no estúdio para gravar com Diana Ross, Joni Mitchell
ou Roberta Miranda'', diz. ``Eu
sou um coadjuvante.''
Moogie também não vê diferença entre trabalhar com artistas nacionais ou estrangeiros.
``Há diferença entre o artista que
é estrela e aquele que sofre de estrelismo'', diz, sem citar nomes.
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