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Juca Martins declara seu amor a São Paulo
JOÃO BITTAR
Editor de Fotografia
São 85 provas de amor pela cidade menos amada do país. Em cada
uma das 85 imagens do livro de fotografias e da exposição de Juca
Martins, São Paulo Capital, é fácil
perceber o extremo zelo técnico e
estético de amante apaixonado
com que o fotógrafo, já com 30
anos de carreira, mostra a cidade
que escolheu para viver.
Desde o início de sua carreira, o
fotojornalista tem insinuado seu
amor pela cidade e sua opção pela
pintura, que logo abandonou por
causa da fotografia.
Enquanto isso -e depois de milhares de imagens publicadas nas
melhores páginas nacionais e internacionais, prêmios e outras
tantas exposições-, ele seguiu fotografando a metrópole e multiplicou suas promessas de amor.
De fato, existe uma identidade de
propósitos em todo sua trajetória,
e essa trilha passa nesse momento
e nesse trabalho por seu período
mais abrangente.
Munido de sua maturidade e lentes panorâmicas da Widelux (japonesa) e da Noblex (alemã), Martins, nascido em Portugal, mas
"paulistano da gema" (depois de
milhares de quilômetros caminhados na cidade), procura e nos
transporta ao que chama de "instante decisivo de Cartier-Bresson,
dentro de um cenário identificável
da cidade" para construir imagens de beleza e informação íntegras e precisas. Caprichosamente
projetadas e repetidas à exaustão
ou à perfeição.
Mesmo as imagens da favela Heliópolis ou do viaduto do Chá, onde pedestres se acotovelam para
observar um suicida atrapalhando
o trânsito no vale do Anhangabaú,
nos empurram suave e inexoravelmente para sair pela cidade e dividir a paixão do autor pela capital.
Os tetos da igrejas, os monumentos e museus, o parque Ibirapuera, as linhas perfeitas do Mercado Municipal e do Teatro Municipal e suas personagens e histórias
desfilam orgulhosos (favorecidos
pelo carinho com que Martins escolheu os ângulos).
Como escreve Ignácio de Loyola
Brandão, em texto que ilustra o livro (leio trecho nesta página), encanta não apenas pelo que revela,
mas sobretudo pelo que sugere
oculto em São Paulo.
Fundamental, se destacar o trabalho de Hélio de Almeida, grande
mestre das artes gráficas no país,
que juntamente com Brandão avaliza a qualidade de um dos melhores livros de fotografia editados no
Brasil.
Exposição: São Paulo Capital
Quando: de amanhã até 3 de maio; terça a
sexta, das 13h às 20h; sábado e domingo,
das 13h às 18h
Onde: Espaço Higienópolis (r. Piauí, 844, 1º
andar)
Livro: São Paulo Capital
Autor: Juca Martins
Lançamento: Instituto Moreira Salles
Quanto: R$ 58 (111 págs.)
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