São Paulo, quinta, 29 de janeiro de 1998

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Juca Martins declara seu amor a São Paulo

JOÃO BITTAR
Editor de Fotografia

São 85 provas de amor pela cidade menos amada do país. Em cada uma das 85 imagens do livro de fotografias e da exposição de Juca Martins, São Paulo Capital, é fácil perceber o extremo zelo técnico e estético de amante apaixonado com que o fotógrafo, já com 30 anos de carreira, mostra a cidade que escolheu para viver. Desde o início de sua carreira, o fotojornalista tem insinuado seu amor pela cidade e sua opção pela pintura, que logo abandonou por causa da fotografia. Enquanto isso -e depois de milhares de imagens publicadas nas melhores páginas nacionais e internacionais, prêmios e outras tantas exposições-, ele seguiu fotografando a metrópole e multiplicou suas promessas de amor. De fato, existe uma identidade de propósitos em todo sua trajetória, e essa trilha passa nesse momento e nesse trabalho por seu período mais abrangente. Munido de sua maturidade e lentes panorâmicas da Widelux (japonesa) e da Noblex (alemã), Martins, nascido em Portugal, mas "paulistano da gema" (depois de milhares de quilômetros caminhados na cidade), procura e nos transporta ao que chama de "instante decisivo de Cartier-Bresson, dentro de um cenário identificável da cidade" para construir imagens de beleza e informação íntegras e precisas. Caprichosamente projetadas e repetidas à exaustão ou à perfeição. Mesmo as imagens da favela Heliópolis ou do viaduto do Chá, onde pedestres se acotovelam para observar um suicida atrapalhando o trânsito no vale do Anhangabaú, nos empurram suave e inexoravelmente para sair pela cidade e dividir a paixão do autor pela capital. Os tetos da igrejas, os monumentos e museus, o parque Ibirapuera, as linhas perfeitas do Mercado Municipal e do Teatro Municipal e suas personagens e histórias desfilam orgulhosos (favorecidos pelo carinho com que Martins escolheu os ângulos). Como escreve Ignácio de Loyola Brandão, em texto que ilustra o livro (leio trecho nesta página), encanta não apenas pelo que revela, mas sobretudo pelo que sugere oculto em São Paulo. Fundamental, se destacar o trabalho de Hélio de Almeida, grande mestre das artes gráficas no país, que juntamente com Brandão avaliza a qualidade de um dos melhores livros de fotografia editados no Brasil.


Exposição: São Paulo Capital Quando: de amanhã até 3 de maio; terça a sexta, das 13h às 20h; sábado e domingo, das 13h às 18h Onde: Espaço Higienópolis (r. Piauí, 844, 1º andar)

Livro: São Paulo Capital Autor: Juca Martins Lançamento: Instituto Moreira Salles Quanto: R$ 58 (111 págs.)



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