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Na comparação, a HQ é boa; já o filme é horroroso
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES
Não é difícil comparar "300"
com a obra que lhe deu origem,
a "graphic novel" "Os 300 de
Esparta", de Frank Miller: a HQ
é boa, o filme é horroroso.
A idéia era repetir a bem-sucedida adaptação de outra obra
de Miller, "Sin City", que Robert Rodriguez levou às telas
em 2005 na forma de uma impressionante mistura gráfica
de quadrinhos e cinema. Mas, o
diretor Zack Snyder não é Rodriguez, e a própria obra original não está no mesmo patamar
dos clássicos de Miller.
A diferença mais marcante
entre o filme e a HQ é a criação
de uma subtrama protagonizada pela mulher do rei Leônidas
-nos quadrinhos, a personagem está relegada a duas páginas. Outra mudança é que, diferentemente do desfile de marombeiros que se vê no filme,
Miller, autor tanto da arte
quanto do texto da HQ, não detalha cada músculo dos espartanos. O próprio rei Leônidas
praticamente só aparece coberto por seu manto vermelho, já
que o senhor de 50 anos dos
quadrinhos não deve ter exatamente o corpo definido que o
ator Gerard Butler, 37, exibe ao
encarnar o papel.
Há ainda diferenças de narrativa -a da HQ não é linear como a do filme- e de composição dos personagens, que são
mais sádicos nos quadrinhos.
Mas, no geral, pode-se dizer
que o filme mantém o espírito
da "graphic novel", reproduzindo literalmente boa parte dos
diálogos e das cenas.
Ou seja, se ele não presta, a
culpa é da direção ruim e das
más atuações, não da obra original -que pode ser conferida
no relançamento feito pela editora Devir, em volume único
(84 págs., R$ 63).
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