São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2007

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Na comparação, a HQ é boa; já o filme é horroroso

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES

Não é difícil comparar "300" com a obra que lhe deu origem, a "graphic novel" "Os 300 de Esparta", de Frank Miller: a HQ é boa, o filme é horroroso.
A idéia era repetir a bem-sucedida adaptação de outra obra de Miller, "Sin City", que Robert Rodriguez levou às telas em 2005 na forma de uma impressionante mistura gráfica de quadrinhos e cinema. Mas, o diretor Zack Snyder não é Rodriguez, e a própria obra original não está no mesmo patamar dos clássicos de Miller.
A diferença mais marcante entre o filme e a HQ é a criação de uma subtrama protagonizada pela mulher do rei Leônidas -nos quadrinhos, a personagem está relegada a duas páginas. Outra mudança é que, diferentemente do desfile de marombeiros que se vê no filme, Miller, autor tanto da arte quanto do texto da HQ, não detalha cada músculo dos espartanos. O próprio rei Leônidas praticamente só aparece coberto por seu manto vermelho, já que o senhor de 50 anos dos quadrinhos não deve ter exatamente o corpo definido que o ator Gerard Butler, 37, exibe ao encarnar o papel.
Há ainda diferenças de narrativa -a da HQ não é linear como a do filme- e de composição dos personagens, que são mais sádicos nos quadrinhos.
Mas, no geral, pode-se dizer que o filme mantém o espírito da "graphic novel", reproduzindo literalmente boa parte dos diálogos e das cenas.
Ou seja, se ele não presta, a culpa é da direção ruim e das más atuações, não da obra original -que pode ser conferida no relançamento feito pela editora Devir, em volume único (84 págs., R$ 63).


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