São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2007

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"Carnavalzão é o meu perfil", diz Ivete Sangalo

Cantora diz que estilo espanta a tristeza: "Conheço um caixão como ninguém"

Baiana, 34 anos, que já vendeu 8 milhões de discos, lança CD de show no Maracanã e diz que vai reduzir ritmo para ter filho

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Na sacada do Copacabana Palace, o hotel mais famoso do Rio, Ivete Sangalo faz pose de estrela para as fotos. Entre um clique e outro, brinca com as fãs que estão lá embaixo, na calçada, como se fosse uma delas: "Gritem para acharem que eu sou famosa"; "Não chorem por mim" (dando uma de Evita Perón); e ainda faz boca de Camila Pitanga quando uma das meninas diz que ela "tá de Bebel hoje" -alusão à personagem da atriz na novela global "Paraíso Tropical".
A baiana de 34 anos concilia o status de uma das maiores vendedoras de discos do país -já são 8 milhões de unidades em 14 anos de carreira, solo e na Banda Eva- com um lado moleca que parece protegê-la de medos e dores.
Ivete até reconhece que ficou nervosa quando sobrevoou o Maracanã em 16 de dezembro, momentos antes do show que fez para 50 mil pessoas.
Mas entrou no palco já brincando com sua roupa de Bat Girl ("Tô gostosa, né?") e deu conta do recado, que chega agora no formato CD ("Ivete no Maracanã"), em 10 de abril à tela do Multishow e, em seguida, a DVD.
"Tenho medo de cobra. Agora, de negócio de trabalho não tenho medo, não. Nem de gente. Nego é que tem que ter medo de mim", brinca ela, mais uma vez.
No show/CD, pontuado por gritos de "Tira os pés do chão" ("Falo muito essa frase, né? Mas é que na hora, negão, só vem isso"), quase não há espaço para baladas. Sucessos como "Abalou" e "Berimbau Metalizado" se misturam a clássicos de Tim Maia ("Não Quero Dinheiro", "Não Vou Ficar") e Jorge Ben Jor ("País Tropical", "Taj Mahal").
O ritmo é alucinante, sendo difícil entender como cantora e público conseguem suportá-lo. A tristeza é algo sem muito cartaz com Ivete.
"Talvez seja uma proteção. Já sofri para cacete. Perdi um irmão quando eu tinha 15 anos. Perder um irmão é a coisa mais dolorosa, não se compara. E olha que eu já perdi pai, mãe, tia... Conheço um caixão como ninguém. Fiquei muito encruada, então acho que supero os sofrimentos antes que eles cheguem", diz.
Ela garante que não faz planos para além do próximo disco ("É perda de tempo, meu irmão") e que, ao contrário de Sandy, ainda não chegou sua hora de cantar standards norte-americanos ou sofisticações afins.
"Se você olhar o perfil da Sandy, existe uma adequação maior. Já o meu [perfil] é carnavalzão, alta pulsação. Ela chegou nesse momento, até por ter mais tempo de carreira. O meu inevitavelmente vai chegar. Mas não penso nisso agora não, véio", diz.
O que ela garante para um futuro próximo é a troca temporária da aeróbica do palco pelo primeiro filho.
"Não vou parar totalmente [de trabalhar], porque gravidez não é doença. Mas, quando eu estiver prenha, vai ter uma questão física de não atuar em prol do menino. Não sou tão neurótica, não vou fazer um "Acústico" na maternidade. "Agora com vocês, o nenê: uééé, uééé. Ah, que som, que pegada, que coisa linda!", faz piada.


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