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Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa vencem Pritzker
Dupla de japoneses juntos no escritório Sanaa, de Tóquio, recebem o mais importante prêmio de arquitetura
Projetos deles, como o New Museum, em Nova York, e o novo Louvre, na França, são pautados por transparência e simplicidade das formas
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
Em sintonia com a tendência
mundial de reabilitação de
ideias modernistas na arquitetura atual, foram anunciados
ontem vencedores do prêmio
Pritzker, o mais importante da
área no mundo, os japoneses
Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa, juntos no escritório Sanaa.
Sejima e Nishizawa, que vivem em Tóquio, são conhecidos por uma linguagem de formas orgânicas, a fusão de espaços interno e externo e estruturas em vidro e metal pautadas
pela transparência absoluta.
"Eles exploram como poucos
as propriedades do espaço contínuo, luminosidade, transparência e materialidade", escreveram os jurados do prêmio.
"Buscam as qualidades essenciais da arquitetura, que resultam em objetividade, economia
de meios e contenção formal."
São deles os projetos do New
Museum, em Nova York, do
Museu de Arte Contemporânea do Século 21, em Kanazawa, no Japão, e de lojas como a
Christian Dior, em Tóquio.
Acaba de ser aberto em Lausanne outro projeto da dupla, o
Instituto Federal de Tecnologia, construção térrea de vidro
e concreto. Marca do Sanaa, a
estrutura é toda perfurada, permitindo a entrada de luz e grandes espaços vazios no interior.
Na maquete "Flower House",
que exibiram no Museu de Arte
Moderna de São Paulo há dois
anos, deixavam claro esses preceitos: uma pele de vidro em
formato de pétalas de flor, que
fazia o papel das paredes, e um
espaço vazado no interior, um
pátio interno transparente.
Também são deles o projeto
da filial do Louvre que será
inaugurada neste ano em Lens,
no norte da França, cidade de
exploração mineral decadente
que autoridades esperam revigorar com o novo museu.
É uma ideia que acompanha
outros projetos da dupla, como
o ambicioso New Museum, no
Lower East Side nova-iorquino. Depois de perder sua sede
para a especulação imobiliária
no SoHo, o museu migrou para
a área menos abastada da cidade e apostou no desenho da dupla, espécie de pilha de caixas
metálicas translúcidas, para se
fixar no entorno degradado.
A fusão entre espaços de dentro e de fora, com aberturas na
construção ou paredes de vidro
e gradeados metálicos que deixam passar a luz, é influência
direta da escola modernista
brasileira, de nomes como Oscar Niemeyer e Paulo Mendes
da Rocha, os únicos brasileiros
a vencerem o Pritzker, em 1988
e 2006, que estão entre os "heróis" de Sejima e Nishizawa.
"O espaço pode transbordar
ou dar um passo adentro, há
uma relação flexível", disse
Nishizawa em entrevista à Folha em 2008. "Tenho simpatia
por arquitetos brasileiros como
Niemeyer e Mendes da Rocha
pelo diálogo que estabelecem
entre interior e exterior."
Essa relação entre espaços
mediados pela arquitetura, que
deve ser membrana entre dentro e fora, está elencada agora
como meta de excelência nos
projetos que vão à próxima Bienal de Arquitetura de Veneza,
que será presidida por Sejima, a
primeira mulher neste cargo.
Também estão na lista de
metas dos projetos de boa arquitetura, segundo Sejima, a
atenção à relação do espaço
com o indivíduo e o público, o
equilíbrio entre forma e função, presença física e virtual e a
relação com a natureza. Não
por acaso, Sejima descreve seus
projetos dizendo que a "arquitetura é como um parque".
Depois de Kenzo Tange, Fumihiko Maki e Tadao Ando, Sejima e Nishizawa são juntos o
quarto premiado japonês na
história do prêmio Pritzker.
Com agências internacionais
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