São Paulo, segunda-feira, 29 de março de 2010

Texto Anterior | Índice

Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa vencem Pritzker

Dupla de japoneses juntos no escritório Sanaa, de Tóquio, recebem o mais importante prêmio de arquitetura

Projetos deles, como o New Museum, em Nova York, e o novo Louvre, na França, são pautados por transparência e simplicidade das formas

SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

Em sintonia com a tendência mundial de reabilitação de ideias modernistas na arquitetura atual, foram anunciados ontem vencedores do prêmio Pritzker, o mais importante da área no mundo, os japoneses Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa, juntos no escritório Sanaa.
Sejima e Nishizawa, que vivem em Tóquio, são conhecidos por uma linguagem de formas orgânicas, a fusão de espaços interno e externo e estruturas em vidro e metal pautadas pela transparência absoluta.
"Eles exploram como poucos as propriedades do espaço contínuo, luminosidade, transparência e materialidade", escreveram os jurados do prêmio. "Buscam as qualidades essenciais da arquitetura, que resultam em objetividade, economia de meios e contenção formal."
São deles os projetos do New Museum, em Nova York, do Museu de Arte Contemporânea do Século 21, em Kanazawa, no Japão, e de lojas como a Christian Dior, em Tóquio.
Acaba de ser aberto em Lausanne outro projeto da dupla, o Instituto Federal de Tecnologia, construção térrea de vidro e concreto. Marca do Sanaa, a estrutura é toda perfurada, permitindo a entrada de luz e grandes espaços vazios no interior.
Na maquete "Flower House", que exibiram no Museu de Arte Moderna de São Paulo há dois anos, deixavam claro esses preceitos: uma pele de vidro em formato de pétalas de flor, que fazia o papel das paredes, e um espaço vazado no interior, um pátio interno transparente.
Também são deles o projeto da filial do Louvre que será inaugurada neste ano em Lens, no norte da França, cidade de exploração mineral decadente que autoridades esperam revigorar com o novo museu.
É uma ideia que acompanha outros projetos da dupla, como o ambicioso New Museum, no Lower East Side nova-iorquino. Depois de perder sua sede para a especulação imobiliária no SoHo, o museu migrou para a área menos abastada da cidade e apostou no desenho da dupla, espécie de pilha de caixas metálicas translúcidas, para se fixar no entorno degradado.
A fusão entre espaços de dentro e de fora, com aberturas na construção ou paredes de vidro e gradeados metálicos que deixam passar a luz, é influência direta da escola modernista brasileira, de nomes como Oscar Niemeyer e Paulo Mendes da Rocha, os únicos brasileiros a vencerem o Pritzker, em 1988 e 2006, que estão entre os "heróis" de Sejima e Nishizawa.
"O espaço pode transbordar ou dar um passo adentro, há uma relação flexível", disse Nishizawa em entrevista à Folha em 2008. "Tenho simpatia por arquitetos brasileiros como Niemeyer e Mendes da Rocha pelo diálogo que estabelecem entre interior e exterior."
Essa relação entre espaços mediados pela arquitetura, que deve ser membrana entre dentro e fora, está elencada agora como meta de excelência nos projetos que vão à próxima Bienal de Arquitetura de Veneza, que será presidida por Sejima, a primeira mulher neste cargo.
Também estão na lista de metas dos projetos de boa arquitetura, segundo Sejima, a atenção à relação do espaço com o indivíduo e o público, o equilíbrio entre forma e função, presença física e virtual e a relação com a natureza. Não por acaso, Sejima descreve seus projetos dizendo que a "arquitetura é como um parque".
Depois de Kenzo Tange, Fumihiko Maki e Tadao Ando, Sejima e Nishizawa são juntos o quarto premiado japonês na história do prêmio Pritzker.
Com agências internacionais



Texto Anterior: Cinema: "Elvis e Madona" participa de festival em NY
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.